A crise econômica potencializa a chegada de alimentos não-saudáveis às famílias que estão em condição de mais vulnerabilidade social e financeira. Segundo a nutricionista e professora Maína Pereira, esses alimentos são comparáveis com o fast fashion – sistema de produção, consumo e descarte rápido de roupas -, onde todo o processo de produção mais barato gera impacto no meio ambiente, no âmbito social ou no econômico.
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“Comer é um ato político”, explica a professora. Segundo ela, a alimentação das pessoas depende de uma série de fatores que define a escolha dos alimentos, desde o acesso à educação até o poder de compra. Baseada nisso, a professora cita, como uma das melhores opções para o combate à má alimentação infantil, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que oferta ações de educação alimentar e nutricional, além de levar alimentos para as crianças nas escolas públicas.
“É muito mais fácil chegar um alimento não saudável para essas pessoas”, afirma mestre em nutrição humana, Maína Pereira
A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que em oito anos o número de crianças obesas ou com sobrepeso chegará a 75 milhões. Para se ter uma ideia, em 4 décadas houve um crescimento de 1000% da obesidade infantil. Para Maína, vivemos em uma sociedade obesogênica, onde o aumento de alimentos não saudáveis, o sedentarismo, a influência da mídia e de instituições como família e escola levam à prática da má alimentação. Isso eleva os riscos do desenvolvimento precoce de doenças como diabetes, colesterol alto, hipertensão e até mesmo câncer.
O direito à alimentação
“A alimentação é um direito”
Somente em 2010, por meio da Emenda Constitucional nº64, a alimentação foi incluída no artigo 6º da Constituição Federal, onde constam os direitos sociais do povo brasileiro. Para Maína, isso os possibilita à exigir esse direito e questionar a falta de políticas públicas para garantir a alimentação. “Alimentação é um direito do povo”, afirma.
Como uma solução alternativa, a professora sugere, para essas famílias carentes, a produção familiar do alimento como a plantação de hortas, por exemplo. “A produção independente seria uma saída para essas famílias carentes”, afirma.
Por Bruno Santa Rita e Ana Ligia*
Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira