A cada 21 de abril, quando se celebra o aniversário da capital federal, ressurgem imagens da epopeia da construção de uma cidade em meio ao Cerrado. As fotos, porém, não revelam detalhes nem fazem justiça às mulheres que somaram mais de um terço de todos os trabalhadores da obra monumental. Assim como os homens, as pioneiras também eram figuras confirmadas entre a poeira e os sacrifícios diários no meio do nada. Segundo o censo experimental do IBGE, em 1959, as mulheres somavam cerca de 50% da população que aqui estava, 21,982. Além disso, Entre trabalhos formais e informais, o levantamento cita 2,966 trabalhadoras, quase um terço do número total.
De acordo com a pesquisadora Tânia Fontenele, mecanismos de interdição e machismo colocaram as mulheres em segundo plano dessa história. Ela, que é doutora em psicologia social, foi tão surpreendida com a omissão de registros da época que resolveu, em produzir, em parceria com a economista Mônica Ferreira, o filme “Poeira & Batom — no planalto central”. Para o documentário, conseguiu ouvir 45 mulheres que participaram do nascimento do novo centro político do país. O projeto, que surgiu para homenagear os 50 anos da capital, foi um dos primeiros a tratar das pioneiras. “Eu resolvi fazer o filme porque eu percebia que sempre falavam dos homens, do presidente Juscelino, Lúcio Costa, Burle Marx. Quando falava das mulheres eram dona Sarah Kubitschek ou dona Júlia Kubitschek, mãe do presidente, e eu sempre via que essa história estava mal contada”, disse.
Confira a reportagem na íntegra
Por Gabriel Lima e Giovanna Pereira
Imagens cedidas pelas autoras do filme “Poeira e batom”