Ex-presidente da EBC afirma que há mais opiniões do que apuração na mídia brasileira

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A ex-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Tereza Cruvinel, afirmou que a imprensa precisa restaurar a independência dos profissionais e resgatar os cânones do jornalismo clássico, como o compromisso com a verdade, rigorosa apuração dos fatos e a observância da pluralidade. Tereza fez críticas, por exemplo, à cobertura da mídia em relação à operação Lava Jato. “Hoje há um desequilíbrio e excesso de opinião em detrimento aos fatos e apurações. E se, por isso, o jornalista errar ele deve reconhecer”, pontua Tereza.

É preciso educar as pessoas em relação à mídia

 

Para ela, é  perigosa a sociedade onde as crenças prevalecem em relação aos fatos porque quem tem mais capacidade de manipular ou manobrar a opinião pública pode tornar uma opinião pessoal em verdade. “Só o jornalismo de verdade pode atenuar os efeitos nefastos desta pós-verdade que parece estar querendo dominar o mundo e criar uma nova idade média”.

 

Tereza Cruvinel sustenta ainda que as pessoas hoje estão “entrincheiradas” e vivem nas chamadas bolhas das mídias sociais recebendo conteúdos que reforçam o que cada um pensa reduzindo assim a possibilidade do debate e do conhecimento de outras opiniões, o que para a jornalista torna o ambiente de polarização política propícia a continuação do fenômeno da “pós-verdade”, além de um risco para a democracia.

Tudo por um clique

Ela alerta que duas das formas de monetização das publicações nas redes sociais, as chamadas CPC (custo por click) e COM (custo por mil acessos) também colaboram para a divulgação de conteúdos sensacionalistas apenas para atrair usuários independente da credibilidade do que foi publicado. “Faz parte da democracia também educar as pessoas para ter uma visão crítica da mídia exatamente para que elas não se tornem massa de manobra”, alerta a jornalista.

Tereza Cruvinel reconhece a responsabilidade da mídia na construção e reforço da pós-verdade. “A imprensa cometeu e comete grandes pecados contra a verdade”, afirma. Ela destaca que quando o repórter não consegue apurar os fatos não deveria fazer a matéria e salienta que hoje há profissionais que saem às ruas em busca apenas das “aspas”.

Por Karina Berardo

 

 

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