Jornalismo precisa de mais humanização, diz professor

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No século 21, emerge um novo conceito. Em meio a tantas discussões que pairavam no mundo, um deles começa a tomar forma. As minorias, que costumeiramente estava em pauta, começaram a ocupar um lugar de destaque. E, no jornalismo, não foi diferente. As questões LGBTQs, por exemplo, passaram a serem vistas de outras maneiras e serem noticiadas de modos diferentes. As notícias, porém, segundo o professor  Paulo Paniago, ainda precisam de mais humanização.

Para Paniago, é crucial que a humanização esteja presente nos textos. Com isso, alcança um ponto desejado por qualquer ser humano, principalmente pelo modo como as minorias foram mal tratadas no passado. “Então o jornalismo literário colabora nesse sentido porque ele está buscando o ponto essencial de toda e qualquer cobertura jornalística que é o ser humano”, disse. Para ele, quanto melhor humanizado, mais agradável se torna a leitura do assunto. “Quando a gente se esquece disso, o jornalismo fica burocrático, chato. Quando se aproxima dessa humanização, a tendência é ficar mais interessante, mais provocador. Todo mundo tem a ganhar, quem está fazendo, as pessoas que estão sendo fontes das informações e os leitores, que vão se ver interessados por aquela articulação toda”, falou.

Jornalismo literário

O jornalismo literário surgiu em meados dos anos 60, com a revista Realidade, buscando qualificar a forma de escrever. O adjetivo literário remete a uma busca pela história, a tentativa de alcançar uma criatividade maior, a fim de tornar a produção mais interessante, aliando esses conceitos à de humanização. De acordo com Paniago, essa modalidade tem um panorama específico no país. “Existe uma revista no Brasil que tem feito um material exemplar. São reportagens qualificadas, repórteres preocupados com a dilatação, com a capacidade de poder contar uma história de uma maneira bem feita, bem apurada, o mais completo possível, fazendo uma linguagem própria daquele tema”, pontuou.

Além da nova maneira de contar a história, o romance se atrelou ao realismo e agregou outros valores à notícia. Para Paniago, no século XIX há a institucionalização do jornalismo e uma criação do romance como gênero literário. “Há momentos em que há separação, o jornalismo cuida da parte da realidade e a literatura cuida da parte da fantasia. Mas é claro que um elemento da fantasia, da ficção, é a realidade, e uma parte do que o jornalismo faz também é uma ficção”, explicou. Ainda segundo ele, a ficção não está presente somente no texto, a mentira, que pode ser contada em durante uma entrevista, também se encaixa na ficção da vida social.

 

É um bom título

Paniago escreveu um livro de pequenos contos baseado em títulos. Títulos que, segundo ele, eram divertidos, ousados, promissores, pequenos ou grandes. “Eu fui criando pequenas narrativas para esses títulos, narrativas que as vezes são mais literárias, as vezes são mais ensaísticas, então as vezes eu estou analisando outros títulos ou títulos que eu encontrei dentro de outros livros, nem todos os títulos são meus”, contou. Para o professor doutor, o título é tão importante no fim das contas que acaba sendo a porta de entrada para algumas obras. “O título é tão importante como todos os outros elementos do texto, a foto, a boa legenda, o intertítulo. O título amarra o material todo, ele aponta par o assunto que está naquela matéria, então ele tem que ser bem formulado, envolvente, preciso”, finalizou.

Por Gabriel Lima
*Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira

Foto: Paulo Paniago

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