Mal do século, depressão atinge cada vez mais crianças e adolescentes

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A depressão é a principal causa da incapacidade e problemas de saúde no mundo todo. A confirmação é da Organização Mundial da Saúde (OMS) que já considera a doença como o mal do século. Até 2020 a expectativa é que a depressão seja a mais incapacitante. Com tantos impactos, quem é diagnosticado sofre com transtornos mentais, perda de energia, sentimentos de inutilidade e incapacidade de realizar atividades diárias. A doença só é superada com ajuda psicológica.

Moradora de Águas Claras, uma estudante de 16 anos enfrenta o diagnóstico desde os 14 quando começou a frequentar um psicólogo por causa da preocupação dos pais em relação às notas baixas no colégio. O profissional diagnosticou a paciente com a doença. “Foi difícil para meu pai aceitar”, lamenta a garota que prefere não ser identificada. Ela lembra que a doença foi desenvolvida no momento que os pais passaram a proibir atividades que eram importantes na vida dela, como sair de casa e abandonar algumas amizades. “Fiquei muito ruim com a situação”, relata.

Por causa da doença, os ataques de pânico se tornaram constantes e a prática da automutilação também ocorreu. “O psicólogo indicou a psiquiatria para eu tomar medicamentos”, explica. A família acredita que a doença foi superada. Porém, mesmo com muitas melhoras, a depressão ainda é presente na vida da adolescente. “Eu medito nas horas mais difíceis e leio para distrair minha mente”, desabafa.

 

De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizadas no Brasil, são mais de 11 milhões de pessoas diagnosticadas com a doença. A depressão é mais frequente entre as mulheres (10,9%) em detrimento dos homens (3,9%) e é a segunda maior carga de incapacidade no país, registrando o maior índice na América Latina, segundo o levantamento.

De acordo com as últimas aproximações da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas vivem com a doença, um acréscimo de mais de 18% entre 2005 e 2015. Segundo a OMS, a falta de apoio às pessoas com transtornos mentais, juntamente com o medo das marcas da doença, dificultam a procura por tratamento adequado.

Depressão aos 12 anos

Outra vítima da depressão é, também, uma estudante de 17 anos que mora em Águas Claras. Ela foi diagnosticada em 2012, quando tinha 12 anos. A garota conta que a doença foi desenvolvida por causa do bullying que sofria na escola. “Eu era muito nova na época. Era muito sentimental e chorava muito. Na verdade, eu não entendia porque eu sofria bullying”, relembra.

Sem disposição para realizar atividades diárias, como frequentar aulas de inglês, praticar esportes que costumava realizar e ir à catequese da igreja, a menina começou a frequentar dois psicólogos. Foi quando passou a superar a doença que, assim como no primeiro caso, não é compreendida pela família. “É complicado. Eu fazia um tratamento, mas tive que interromper por causa das férias”, conta. Hoje ela consegue administrar a potencialidade da doença com métodos ensinados por psicólogos e ida às atividades que lhe dão prazer, como a igreja.

Segundo o psicólogo Augusto Medeiros, não existe um causador da doença, mas há um conjuntos de fatores comportamentais que indicam a depressão. Ele esclarece que o meio onde a pessoa vive pode determinar certas atitudes que influenciam no surgimento da depressão. Um exemplo é o ambiente escolar e a cobrança acerca de vestibulares “Não se trata da tensão do período de vestibulares, mas, sim, da cobrança social, principalmente dos pais, para aprovação”, conclui.

Por Paula Beatriz e Alice Vieira

Artes: Alice Vieira

Sob supervisão da professora Isa Stacciarini

 

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