Jornalistas e meios de comunicação, em busca de novas formas de chegar ao coração do público, têm inovado na linguagem e nas plataformas. O podcast, material original em áudio que caiu no gosto de quem produz e de quem escuta, desafia autores de conteúdo e estimula projetos a saírem do papel com criatividade. Os podcasts são encontrados na internet em plataformas diversas para distribuição em aplicativos próprios, inclusive pelo whatsapp.
Um dos exemplos é do jornalista Rodrigo Alves, que trabalha no Sportv. Ele, que vive no Rio de Janeiro, criou o podcast “Vida de Jornalista”, que garante espaço para processos profissionais de produção da notícia e suas histórias. “A gente nunca teve tantas maneiras de contar histórias de formas diferentes. Comecei a ficar muito obcecado com isso e nesse momento prefiro contar minhas histórias por áudio porque ele é mais democrático na produção”, afirma.
O episódio da série Memórias, sobre o assassinato da irmã Dorothy Stang, morta em Anapu (PA), em 2005, é finalista do prêmio Vladimir Herzog deste ano. Ele opta por ter uma narrativa documental que “se aproxima da literatura”, trazendo elementos de ambiente para “carregar” o público para o local.
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A jornalista Gabriela de Almeida, que produz do podzap Ô Gente, da Redes Cordiais, em Brasília, enxerga o aplicativo como uma forma mais democrática de viabilizar o programa. Trata-se de um projeto de educação midiática, para engajar influenciadores digitais no combate à desinformação e ao discurso de ódio nas redes sociais.
“A gente tem que parar de ver o whatsapp como um inimigo, como apenas um lugar de propagação de fake news e começar a enxergar ele como um aliado. Se as pessoas estão lá, consomem lá, então é lá que temos que estar”.
Outra experiência é da jornalista Ana Beatriz Felício, da Agência Mural de Jornalismo das Periferias e que produz o podcast “Em Quarentena”, e tem caráter comunitário. O podcast criado durante o período da pandemia tem por missão colaborar pela informação para as comunidades, incluindo combater fake news.
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Ela conta que tem aprendido muito durante o processo de fazer esse tipo de material. Ela diz que desenvolveu algumas técnicas no percurso. “Prefiro usar uma linguagem mais objetiva, do jeito que eu converso com amigos, com a minha mãe, além de usar elementos sonoros, fazer episódios mais curtos e usar estratégias no roteiro”, exemplifica.
Os jornalistas discutiram, nesta segunda (19) o mercado de trabalho da comunicação durante a pandemia em evento promovido por professores e estudantes do Centro Universitários de Brasília (UniCEUB). Assista à palestra na íntegra. O debate foi organizado e mediado pela professora de comunicação Carolina Assunção.
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Descrição no podcast
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Para os jornalistas, a facilidade de acesso e a praticidade do áudio fazem com que o conteúdo possa alcançar mais temas. Outra característica é que os recursos são simples para a sua elaboração. “No vídeo a gente precisa de mais equipamento, dificuldade de locomoção, já no podcast você consegue fazer com um celular e o acesso à internet”, afirma Rodrigo Alves.
Ele explica que uma técnica muito importante para a produção é a do uso das descrições. “A minha intenção é trazer o ouvinte para dentro da conversa, contando como é, descrevendo a sala, os trejeitos dos entrevistados. Tento levar a pessoa para perto de mim, além de tentar colocar sempre um pequeno teaser de uma fala que ainda vai aparecer e fechar o arco narrativo lá na frente”.
Por Evellyn Luchetta e Mayariane Castro
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira