Laura* , de 39 anos, estava visivelmente cansada ao final do expediente. Nervosa, também. Ela tinha chamado a atenção de um passageiro para colocar a máscara. Ela considera esse momento de pandemia “muito estressante”. “Eu engordei 20kg desde que começou a pandemia e continuo engordando”.
“Eu não entendo por que eles não aumentam o número de veículos de transporte público. Sempre está cheio”.
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Era uma segunda-feira. O ônibus estava cheio na empresa São José linha 379 (da Asa norte ao terminal do P.Norte, na Ceilândia).
A história não é muito diferente para o cobrador Rodrigo José de Oliveira dos Santos que também trabalha na São José. Ele explica que a divisória de acrílico transparente não tem em todos os ônibus, o que torna ainda mais perigoso durante esse momento da pandemia. “Eu ainda tenho muito medo de trabalhar, mesmo já tendo tomado a primeira dose da vacina, amanhã tomo a segunda”.
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A psicóloga Bárbara Almeida de Espindola, 31, explica que as condições de trabalho interferem diretamente no estresse durante a pandemia. “A pandemia causou um aumento do estresse no trabalho. O contato direto com o público coloca a saúde do indivíduo em risco, visto que o uso obrigatório da máscara nem sempre é cumprido, o espaço do ônibus não permite manter um distanciamento seguro e o contato com objetos exige uma frequente higienização. O medo de contaminação pode gerar ansiedade, o que compromete a qualidade de vida no trabalho”.
“Existem exercícios de respiração para diminuição da ansiedade, mas a redução do estresse envolve medidas que vão além do campo mental, como tempo de qualidade para fazer atividades prazerosas, acesso à saúde, apoio social e valorização do indivíduo no trabalho. É necessário que o trabalhador se sinta amparado e valorizado dentro da empresa, ao invés de sentir-se constantemente em risco”.
Procurada pela reportagem, a empresa não respondeu os questionamentos a respeito da queixa dos trabalhadores.
Por Tamires Rodrigues
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira