Spielberg traz remake de “Amor, Sublime Amor”

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Ganhador de dez prêmios do Oscar em 1961, Amor, Sublime Amor, agora com o remake roteirizado por Tony Kushner, foi indicado a sete categorias em 2022: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Fotografia, Melhor Mixagem de Som e Melhor Atriz Coadjuvante.

Assista ao trailer oficial do filme:

Duas vezes vencedor do Oscar de Melhor Direção, em 1993 com A Lista de Schindler e em 1998 com O Resgate do Soldado Ryan, Steven Spielberg foi à frente e acertou na tarefa de adaptar um clássico. Originalmente inspirado no romance de Romeu e Julieta, o musical conta a história do amor proibido entre Maria (Rachel Zegler) e Tony (Ansel Elgort). 

A história é ambientada na Cidade de Nova York no final dos anos 50, onde a gangue dos Jets, formada por garotos brancos, e a gangue dos Sharks, membros da comunidade latina, travam uma disputa por território. 

Jets versus Sharks (Foto: Vanity Fair)

A trilha sonora tem o poder de retroceder o pensamento do espectador e o leva para 1961. O jazz, com seus instrumentos de sopro característicos (como o saxofone) e com o ritmo marcado pelo som da bateria, dita a maior parte do que se ouve, canta e conta na trama. As músicas, em vez de serem unidades autônomas, são somente extensões do estilo da melodia. Tal contribuição serve para situar-nos dentro do universo ali criado, tornando, assim, a harmonia entre o jazz e os ritmos latinos um grande personagem.

Problemáticas solucionadas

Na versão de 2021, o remake conseguiu corrigir um dos principais erros cometidos na década de 60: a atuação de pessoas brancas como latinas. Desta vez, latinos tiveram a chance de ocupar seus papéis e honrá-los. Spielberg também tomou a decisão de não legendar os trechos de conversas em espanhol entre os personagens, sem dúvidas um aceno para a comunidade.

Esse é um ponto que se mantém atualizado desde 1961: o preconceito racial e cultural contra imigrantes e seus descendentes. Os Jets desprezam os costumes da comunidade latina da área, do sotaque às roupas, e os enxergam apenas como vândalos, enquanto os Sharks também se armam e alimentam o ódio contra os rivais. 

Iris Menas como Anybodys (Foto: Courtesy of Niko Tavernise/Fox)

Além disso, o roteiro também aborda uma sensibilidade contemporânea: a inclusão social. O papel ocupado por Iris Menas, que dá a vida a Anybodys, era personagem originalmente andrógino, mas que, na nova versão, é abertamente transgênero, razão máxima para sua exclusão não só dos Jets, mas também da sociedade – lembrando que o filme se ambienta em meados dos anos 1950.

Passado e presente de Anita

De início, o telespectador crê que Anita (Ariana DeBose), par romântico de Bernardo (David Alvarez), seria apenas uma coadjuvante para compor a obra. Porém, é impossível ignorar o show de atuação que Ariana DeBose dá e como a personagem protagoniza as cenas em que aparece. O papel rendeu à atriz uma indicação ao Oscar e um Globo de Ouro.

Anita (Ariana DeBose) e Bernardo (David Alvarez) (Foto: Vanity Fair)

Outro destaque muito importante é o de Rita Moreno, que deu vida à Anita original em 1961, e acabou por levar o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante na ocasião. No remake, ela vive Valentina, mentora de Tony. Ao contrário do esperado, Moreno não foi escalada somente para homenagear seu trabalho original, mas é personagem essencial na trama, com presença constante na narração e com direito a um número musical próprio.

Valentina (Anita Moreno) (Foto: Vanity Fair)

O filme  tem o poder de te fazer imergir na história que vai da fantasia à tensão, da comédia ao drama, rápida e naturalmente, mesmo que seja um filme de longa duração. 

Spielberg conseguiu se manter fiel à obra original e abordar os temas contemporâneos necessários com o intuito de não perder o propósito da criação de um remake, e é assim que ele entrega um de seus melhores trabalhos nos últimos anos, provando que, ainda que estejamos em uma fase de remakes vazios e sem propósitos, ainda existem motivos para revisitar grandes clássicos.

Ficha Técnica: 

Direção: Steven Spierlber

Elenco: Ansel Elgort, Rachel Zegler, Ariana DeBose, Mike Faist

Classificação Indicativa: 14 anos (contém drogas, violência e linguagem imprópria)

Gênero: Filme musical, romance, drama e crime

Duração: 155min

Origem: Estados Unidos

Distribuição: Walt Disney

Por Evellyn Paola
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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