Futebol feminino: campeonato do DF está limitado a sete times

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Não é de hoje que o futebol feminino precisa de apoio. Sem nenhuma atenção, o esporte caminha a curtos passos. Em Brasília, a categoria ainda não é considerada profissional. Não é permitida a cobrança por ingressos. As próprias equipes buscam por estádios para seguir a programação do campeonato brasiliense e, por isso, a semifinal desse torneio teve de ser adiada. A falta do departamento responsável pelo futebol em alguns clubes faz com que somente sete, dos 22 times, participem do campeonato local. Em todo o ano, somente um participa da Copa do Brasil.

Liomar Arantes, assistente do departamento de futebol amador da Federação de Futebol do Distrito Federal, explicou que existe dificuldade de organizar um torneio da capital. “Os clubes pagam para jogar. Tem o apoio da federação, com arbitragem e com bolas. Agora, de empresa privada, do comércio, do governo, não tem apoio nenhum. Os clubes pagam tudo, transporte, material, médico, alimentação”, disse. A falta de investimento se evidencia no campeonato local. “Em 2016, só participaram sete times do campeonato candango de futebol feminino porque 15 não têm departamento de futebol. Não tem campeonato de base para alimentar as competições de cima”.

O único representante da capital na Copa do Brasil, o Cresspom, conta com o apoio do clube para suas atividades. “O departamento existe há, pelo menos, 10 anos. Tem um tetracampeonato mas, basicamente, é o presidente com o apoio do clube. A estrutura é toda do clube, não há apoio externo nenhum”, afirmou. Mesmo o time multicampeão enfrenta problemas com apoio. “Nós estamos sempre melhorando. Agora, você conseguir arrumar patrocínio é complicado. Nós já apresentamos projetos, mas não conseguimos esse retorno. As pessoas têm que olhar o lado bom também, porque sempre falam apenas da dificuldade e nunca falam dos títulos, da conquista”, explicou. No primeiro jogo da Copa do Brasil, o Cresspom goleou o Aliança (GO) por 7 a 0. Na oportunidade, foram registrados apenas 23 pagantes, com uma renda de R$ 115. A equipe empatou o jogo de volta em 1 a 1 e se classificou para enfrentar o Iranduba-AM na segunda fase da competição.

Neste ano, a taça Brasília de futsal ficou com a equipe da Associação Desportiva de Futsal do Distrito Federal (ADEFDF), que busca dar apoio a atletas que desejam seguir na área. “Nós somos uma associação que já funciona desde 2006. Trabalhamos desde as categorias de base, então nós temos atletas de 10 anos, sub- 13, sub-15, sub-17 e adulto, todas com bolsa de estudos”, expôs. Apesar de não ter fins lucrativos, a ADEFDF busca meios para garantir a melhor condição para suas atletas.  “Temos convênio com escolas e universidades para dar bolsa de estudos para as atletas. Além disso, há um sistema de sócio torcedor, que são os ex-atletas e alunos já formados, que contribuem com cerca de 30 reais por mês”.

O time ADEFDF levantou o troféu da Taça Brasília de Futsal - Foto: Site ADEDF
O time ADEFDF levantou o troféu da Taça Brasília de Futsal – Foto: Site ADEDF

A falta de divulgação dificulta a busca por apoio. “O grande problema é a mídia porque, ou não buscam, ou não divulgam. Isso dificulta para encontrarmos parcerias porque cada vez menos as empresas estão preocupadas com o social, e sim com custo benefício. Se ela investe, quer saber qual o retorno de mídia. Se eu não posso oferecer um retorno de mídia, fica difícil arrumar patrocínio”, declarou.

Apoio educativo

Na frança, o colégio Ensino Certo foi campeão da primeira Eurocopa escolar
Na frança, o colégio Ensino Certo foi campeão da primeira Eurocopa escolar – Foto: Divulgação

O Ensino Certo, colégio que foi campeão da primeira Eurocopa colegial, fornece suporte necessário para as alunas. “A escola dá todo o apoio que precisamos. A parte financeira, a parte educacional, principalmente. O nosso intuito é deixar um legado para as meninas”, informou. O projeto da escola conta ainda com a participação do Minas/Icesp. “Chegamos a um nível também que quando a menina sai do nosso projeto, do colégio certo, ela já é integrada ao projeto do Minas/Icesp, e de lá ela pode ter uma bolsa integral também na faculdade”, demonstrou. O técnico da equipe, Diego Alves, afirma que até o transporte é bancado por eles. “Uma coisa simples, o próprio patrocínio para o transporte para o jogo. Às vezes, eu levo cinco meninas no meu carro e mais um pai para a gente poder ir para o jogo”, constatou. Apesar do título internacional, o patrocínio não vem. “Se fosse uma equipe masculina, com certeza o patrocínio viria, que é o que a gente tanto precisa. No feminino, infelizmente, a visibilidade não é tão grande. Do transporte ao uniforme de jogo é tudo por conta do colégio. E, às vezes, fica até pesado para eles, então a gente vai reutilizando, reaproveitando os uniformes, e assim vai indo”, contou.

 

O Minas/ Icesp bateu o Cresspom na final e se sagrou campeão candango
O Minas/ Icesp se sagrou campeão candango – Foto: Marcos Antônio Tchefy

A diretora do Minas, Rayane Diniz, atual campeão candango, mostrou a dificuldade até mesmo em disputar um campeonato organizado pela federação. “Ginásio e estádio é muito difícil da gente conseguir porque é muito burocracia. No campeonato brasiliense deste ano, aconteceu de as semifinais terem de ser disputadas em estádio e teve que adiar um final de semana porque ninguém conseguiu um estádio para jogar”, pronunciou. O único patrocínio vem da própria faculdade. “O único patrocínio mesmo é o do icesp, que é a bolsa e, querendo ou não, é um patrocínio porque muitas alunas não têm condição de pagar a faculdade”, disse.

 

 

Panorama do futebol em Brasília

O panorama, analisado pela diretora do Minas/ Icesp e pelo técnico do Cresspom, coincidem. O futebol feminino em Brasília é forte, mas o esporte, em si, ainda é fraco. Diniz afirma que a população tem de estar mais presente. “Acho que aqui em Brasília falta um pouquinho mais da população, que gosta do futebol. Eu acho que falta trabalhar a cultura do futebol aqui dentro para as pessoas poderem apoiar mais e estarem mais presentes, porque o pessoal daqui gosta e quer acompanhar, só que a divulgação é meio mal”, falou. Marinho comenta que a oferta para o futebol é grande e isso faz com que a visibilidade cresça cada vez mais. “Eu recebo muitas indicações, as meninas que estão vindo me procurar, antigamente eu tinha que procurar as meninas. Tem muitas que estão afim de jogar e vem me procurar. As atletas e os profissionais são muito capacitados e a atleta não precisa estar saindo, ao meu ver, as atletas de fora que deveriam estar vindo para Brasília para ter uma visibilidade maior”, afirmou.

Por Gabriel Lima

 

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