Toda história tem um ponto final, mas que pode significar um recomeço. Nascido na pequena cidade de Diamante do Norte, no Paraná, Sérgio Dutra dos Santos cresceu em São Paulo e descobriu no vôlei uma chance de conquistar seus sonhos. Desde os 11 anos, quando começou a treinar o esporte que até então era visto como feminino, teve como inspiração a seleção campeã olímpica de 1992. Nomes como Marcelo Negrão, Giovani e Maurício passaram a ser referência para Serginho, apelido que estampa na camisa. Quisera o destino que o pequeno grande sonhador não só chegasse ao nível de seus ídolos, mas que os superasse e se tornasse bicampeão olímpico e finalista de quatro edições em sequência.
Desde 1998, ano em que a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) oficializou a entrada do líbero, a função de atacante deixou de ser obsessão para muitos “baixinhos”. A preocupação, a partir daquele momento, passou a ser outra: passe e defesa. Em quadra, gigantes como o central Lucão, de 2,09m, costumam receber os holofotes. No vôlei moderno, porém, atletas bem menores ganharam destaque com atuações defensivas consistentes e seguras. Serginho, considerado por muitos o melhor de todos os tempos na posição, é o maior exemplo de um esporte que se reinventou.

Domingo, 21 de agosto de 2016. O menino que aos 7 anos vendia “gelinho” nos campos de várzea não imaginava onde estaria nesta data marcante para o povo brasileiro. Diante de um Maracanãzinho lotado, Serginho vestia as cores da seleção brasileira pela última vez. Ao vencer a Itália por 3 sets a 0 na decisão dos Jogos do Rio, conquistou o segundo ouro olímpico. O líder de toda uma geração se despediu com honras de herói: o líbero agora ocupa o posto de maior medalhista de esporte coletivo da história do país.
O último ato de Escadinha, apelido que ganhou na infância por usar muitas gírias nas frases, não poderia ser mais épico. Em um estádio de futebol lotado com 40 mil torcedores, palco incomum no vôlei, o líbero encerrou no último domingo uma trajetória de conquistas com 18 títulos pela seleção, diversos prêmios individuais e a certeza de que levou o Brasil ao patamar de “país do voleibol”. A vibração característica, as atuações memoráveis e a sintonia com os torcedores serão lembradas sempre que o nome de Serginho ecoar nos corações dos brasileiros.
Por Tácido Pries
Foto em destaque: Divulgação/CBV