Áreas nobres de Brasília, os bairros do Sudoeste e da Octogonal contabilizam um total de 82,87% de adesão à política de coleta seletiva de lixo, segundo última pesquisa da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan). Os lugares estão entre as 22 regiões administrativas que realizam essa separação de materiais. No entanto, síndicos e moradores ainda consideram as ações relacionadas a essa seleção longe do ideal.
“A participação dos moradores na coleta seletiva não é eficiente. Pode melhorar muito. Estamos sempre empenhados em solicitar aos moradores que oriente suas secretárias, quanto á separação do lixo seco e orgânico”, afirma o síndico de um condomínio da Octogonal, o militar Reinaldo Barreto, de 66 anos. Ele explica que, apesar das campanhas, muito material ainda vem misturado. “Não fazem a seleção como deveria ser feita. O ideal seria algum representante do SLU, promover palestras efetivas no condomínio, sobre a importância da coleta seletiva, direcionada aos moradores e funcionários”, afirma.
Outro síndico, Deoclécio Pereira, de 62, também da Octogonal, explica que tem cobrado informações da administração do Sudoeste há dois anos sobre o assunto. Ele quer viabilizar containers subterrâneos, que possam melhorar substancialmente a gestão do lixo, principalmente a reciclagem. “O nosso próximo projeto, é a compra de uma enfardadeira (equipamento que permite fazer fardos de até 100 quilos a partir da prensa de materiais como papelão, plásticos, assim reduzindo o volume do lixo”, afirmou o síndico.
Pereira lamenta que ainda há resistência dos moradores em separar o lixo “Esse é o grande desafio. Tem que ser superado, começando em casa, com seus familiares, secretárias para levar o lixo para as lixeiras que ficam no andar”. A psicóloga Verônica Studart, 61 anos, moradora da região, explica que tem orientado a funcionária que trabalha na cada dela. “Atribuo o alto índice de reciclagem nas Regiões à maior conscientização e a formação do hábito”.
A aposentada Maria Lopes, de 63 anos, garante que nunca recebeu nenhuma informação sobre o assunto. “Desconheço campanhas ou propagandas mais elucidativas. Acredito que poderia haver maior divulgação. Uma forma mais consciente de colaborar com o meio ambiente e a natureza”.
Compromisso
Em nota, a assessoria de comunicação da administração do Sudoeste e Octogonal garante que tem prestado informações aos representantes dos condomínios com a divulgação da campanha “Brasília Limpa – Sua Atitude Faz a Diferença”. Uma preocupação da administração é com os reflexos no meio ambiente e a diminuição de focos de mosquito.” Os altos índices de coleta seletiva no Sudoeste Octogonal refletem o compromisso da Sociedade civil e Governo para concretização dessa importante política pública, ou seja, a administração pública implantou o projeto e a comunidade abraçou a ideia”, afirmou.
A chefe da assessoria de gestão ambiental do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Maria Fernanda Teixeira, afirma que o órgão trabalha com a conscientização da população para o descarte adequado que se faz no dia a dia. “A educação ambiental é um processo de longo prazo. Não é algo que conseguirmos medir de imediato”. No Distrito Federal, são coletados três toneladas de resíduos por dia. “Grande parte desses resíduos são aterrados na Estrutural. Precisamos de um envolvimento maior da população para coleta seletiva para reduzir os resíduos aterrados”.
Por Leonice Rezende
Colaboraram: Carol Gama e Victor Hugo Grimaldi