Abertura do Festival de Cinema de Brasília é marcada por protestos contra governo

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O documentário “Cinema Novo”, de Eryk Rocha, e “Improvável Encontro”, de Lauro Escorel, abriram, na terça-feira (20), o 49º Festival de Brasília de Cinema Brasileiro. O Cine Brasília ficou lotado e ganhou clima de manifestação contra o governo federal com gritos de “Fora Temer”.  “Essa sessão vai virar rua, vai virar manifestação”, afirmou Eryk Rocha, que é filho do renomado cineasta Glauber Rocha, que morreu em 1981. Glauber foi um dos principais nomes do movimento cinematográfico influenciado pelo neorrealismo conhecido como “Cinema Novo”. O lema era “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”

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Eryk Rocha fala sobre seu filme e a política do Brasil

O documentário de Eryk explicou que o filme “Cinema Novo” mostra também o golpe militar de 64 de uma perspectiva cinematográfica e histórica. Segundo ele, aquele momento é semelhante com a situação atual da política no Brasil, incluindo o processo de “impeachment” da ex-presidente, Dilma Rousseff. Segundo o diretor, abrir o Festival de Brasília foi uma grande honra, principalmente, por ser a primeira exibição do filme e por ser exibido no centro do poder político do Brasil.

Em discurso anterior às exibições dos filmes, Eryk Rocha deixou claro sua indignação contra o que ele chamou uma forma diferente de “golpe político”.  “Eu queria dedicar esse lançamento a todas as pessoas que resistem ao retrocesso do nosso país”, declara Rocha.

Quanto à distribuição dos filmes brasileiros, o cineasta afirma que a dificuldade existe até hoje e que é sempre uma batalha divulgar trabalhos cinematográficos no Brasil. Inclusive, o filme mostra uma má aceitação do público de antigamente ao cinema brasileiro que se percebe até hoje. Rocha cita que a participação no Festival de Cannes com a premiação na categoria Olho de Ouro do filme “Cinema Novo” impulsiona a divulgação no mundo inteiro, inclusive, no Brasil. Além disso, o diretor afirma haver uma relação muito desigual entre a quantidade de salas de cinema disponíveis, no Brasil, com o tamanho da população brasileira. ”É uma batalha ser cineasta no Brasil, como é ser professor de escolas públicas ou médico de saúde pública”. “Cinema Novo” será lançado dia 03 de novembro no Circuito.

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Fotografia

O outro diretor participante da abertura, Lauro Escorel, diz ser uma oportunidade muito grande exibir seu filme na abertura de um festival tão grande como o Festival de Brasília, um filme que conta a história dos fotógrafos José Medeiros e Thomas Farkas e mostra a importância desses dois fotógrafos para a construção da fotografia brasileira. “Tanto Thomas quando o Zé ,fizeram parte de uma geração que mostrou o Brasil para o brasileiro”, afirma o diretor.

Escarel também critica a distribuição do conteúdo cinematográfico brasileiro pelo país e afirma que, embora já tenha sido lançado no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, o filme “Improvável Encontro” está em seu primeiro festival. ”A distribuição é sempre um grande gargalo para o cinema brasileiro”. Como cineasta, dirigiu o longa Sonho sem Fim (1985), que recebeu Prêmio especial do Júri de Gramado, dentre outras produções, o curta Libertários (1977), Prêmio Margarida de Prata da CNBB.

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Os dois filmes foram recebidos com aplausos. Segundo o aposentado Sérgio Arruda, 73 anos, o filme “Encontro improvável” é um filme inocente e puro e o “Cinema novo”, um filme duro, dolorido e que tem uma história recente. Segundo ele, o cinema existe para mostrar para a população as visões unificadas dos cineastas brasileiros quanto a política do nosso país. O diretor do filme “#Era dos Gigantes”, Maurício Costa, de 40 anos, elogiou a montagem do filme “Cinema Novo”, na linguagem de arquivos, porém critica o tamanho do filme. Quanto ao “Improvável Encontro”, o diretor não se sentiu atraído pelo formato do filme.

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