Vivemos uma “sociedade de recados e de perfumaria”, diz mestre em educação

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As mudanças da pós-modernidade no sistema de trabalho, na educação e no comércio têm impactado as relações humanas de forma histórica, segundo avalia mestre em educação e psicanalista clínico Homero Reis. “O ser humano da sociedade atual é mais angustiado e necessita de respostas instantâneas e definitivas”, explica. De acordo com o professor, a nova geração vive em uma “sociedade de recados” e discursos rápidos, uma sociedade que quer respostas ligeiras. “Nós não vivemos em uma sociedade conversacional”, afirma o professor. Ele ainda ressalta que essa prática distancia as pessoas e prejudica a conversação profunda. As pessoas não sabem mais conversar ou se comunicar graças ao imediatismo.

Por outro lado, essa mesma sociedade também investe em boas aparências nas redes sociais. O professor chama esse fenômeno de “sociedade de perfumaria”. Segundo Reis, o “Facebook” é um exemplo da atividade clássica de uma pessoa inserida na “sociedade de perfumaria”, onde todos são altos, loiros, bonitos e ricos . É mostrado nos perfis cibernéticos o que não condiz com a realidade. Isso é apontado pelo professor como uma obrigação que as pessoas sentem de serem felizes.

Mundo descartável

Com o avanço da tecnologia as coisas tendem a mudar rápido, principalmente no mundo comercial. De acordo com Reis, nenhuma empresa sobrevive com o produto que dura 40 anos, com isso a indústria descobriu o “mundo descartável”, ela produz o produtos para serem jogados fora. “Quando a gente aprendeu o mundo descartável, a gente joga fora o barbeador, o sapato velho, a gente joga fora as pessoas, é muito mais fácil jogar fora alguém do que reconstruir relacionamentos”, relata.

Possibilidades de futuro

Reis afirma que a tecnologia está mudando as possibilidades de futuro. Novos países tornam-se cada vez mais importante no cenário mundial, substituindo as antigas potências. Países como Brasil, Rússia, Índia, China e Singapura, há 20 anos, não se imaginava que estes países fossem representativos na história do mundo moderno. “Mas esses países hoje estão fazendo sucesso no mundo e apareceram no cenário mundial, coisa que há vinte anos, não acontecia”, explica o professor.

Um outro exemplo apresentado pelo professor é a atual situação da invasão dos refugiados, na Europa. A crise das fronteiras e expansão do Islã são considerados um dos indicativos mais objetivos que temos hoje. “Quando você pega aproximadamente 30 mil refugiados que estão enfrentando o mar mediterrâneo para sair da África e da Ásia e enfrentar a Europa estão dizendo para os europeus dane-se vocês”.

Educação

O professor explica que estamos vivendo uma encruzilhada do conhecimento e que o modelo educacional de hoje é um modelo incompatível com o volume de tecnologia que temos à disposição. Para ele, a adequação dessa balança “tecnologia versus educação” vai ser o que vai definir o sucesso e o fracasso dos futuros profissionais. “O que a gente sabe é que o modelo que estamos adotando não é um modelo eficaz e o modelo futuro a gente ainda não conhece. Precisamos resolver isso com criatividade”, critica.

Quanto ao atual sistema de trabalho e contratações, o professor afirma que já há uma forte influência do mundo pós-moderno e da tecnologia nas contratações. “As empresas contratam cada vez mais os jovens que estão inseridos nesse meio”, cita o professor.

Segundo a ONU, os estudantes de hoje vão passar por 10 a 14 empregros até os 38 anos. Nos países desenvolvidos, a ideia de emprego fixo está totalmente fora de moda. No caso do brasil, de acordo com o professor, fazer concurso público é uma declaração de “imbecilidade”. “Porque o que garante a sua estabilidade é a sua competência e não o estado, o Brasil está anos-luz atrás. Nós vivemos em um país em que todo mundo quer fazer concurso público porque tem medo de ser demitido”, critica.

O professor se arrisca a dizer que estamos caminhando para uma grande revolução dos sistemas de trabalho, contração, comércio e educação e que será necessário criatividade para se resolver as crises que vão surgir com a pós-modernidade.

Por Bruno Santa Rita e Nabil Sami

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