Comissão de Direitos Humanos só tem 2 deputados negros

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Apenas dois parlamentares dos 33 membros fixos da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, se declararam negros na última eleição, realizada em 2014. São eles: os deputados Jean Wyllys (Psol/RJ) e Vicentinho (PT/SP), que representam apenas 6% da comissão. Para o presidente da comissão, deputado João Siqueira (PT/MG), a composição espelha o baixo percentual da Câmara como um todo.

O baixo número de negros no âmbito do legislativo reflete o preconceito presente em nossa sociedade. Segundo o deputado Vicentinho, os negros na Câmara são a “minoria da minoria”. Ele explica que no mandato anterior representavam cerca de 11% dos eleitos. Contudo, o número diminuiu para 4,5% nesta legislatura. Mesmo assim, há deputados que se auto-declararam brancos comprometidos com a causa das minorias, conta o parlamentar. “Nós temos deputados negros que não assumem a sua negritude, como também temos deputados que são brancos, mas que assumem a sua negritude e que lutam contra as desigualdades sociais”.

Para o legislador, é o sistema eleitoral que distorce a realidade das representações da sociedade. Vicentinho lembra também que enquanto os empresários e fazendeiros são minoria no país, são eles que possuem o maior número de representantes no poder Legislativo. “Se o povo pobre votasse no povo pobre, se o povo negro votasse no povo negro, se as mulheres votassem nas mulheres e se os ricos votassem nos ricos, a composição aqui seria outra e aí a gente cumpriria a Constituição”, afirma.

A quantidade de negros em alguns estados chegam a ultrapassar 60% da população, é o que explica o deputado João Siqueira, o Padre João (PT-MG). Porém para o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, os militares (da chamada “Bancada da Bala”), e os fundamentalistas, que hoje somam a maioria dos votos, “tomaram” a comissão para privilegiar seus interesses”. “Primeiro é preciso encarar a realidade, porque muitos alegam que não há mais discriminação, mas existe um preconceito descarado e a gente precisa trabalhar essa realidade, desde a escola e a educação infantil”, ressalta.

Por Lucas Valença

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