
“Compre um lanche, ganhe um brinquedo”, “Confira na batata frita: pode ter um prêmio”. Ações de propaganda agressivas como essas têm criado, segundo especialistas, comportamentos preocupantes. Tanto que 33% das crianças brasileiras estão acima do peso. De acordo com a nutricionista Maína Pereira, do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar da Universidade de Brasília, o aumento no peso dos pequenos está intimamente ligado propagandas de alimentos calóricos. ‘’64,5% dos produtos que contêm açucares e gorduras saturadas são vendidos com mais facilidade através de publicidade’’, declarou em evento.
A comida rápida ou na melhor forma de entendimento, o fast-food, surgiu nos Estados Unidos há mais de 70 anos, pouco tempo depois da Segunda Guerra Mundial. Nos últimos anos, as indústrias responsáveis por esses alimentos trouxeram sanduíches, congelados e bebidas gaseificadas para as mesas dos brasileiros. Para Maína, os Estados Unidos criaram essa alimentação e os brasileiros adaptaram os costumes a ela. ‘‘Se continuarmos assim, nos próximos vinte anos, o Brasil será um país de obesos’’.
Cereais matinais, empanados e congelados ocupam as prateleiras dos supermercados e chamam a atenção das crianças por suas cores e formatos interessantes. ‘‘A criança não tem análise crítica para discernir entre o que é propaganda e o que de fato saudável para ela’’, disse. Portanto, os pais devem manter a atenção redobrada e não se render aos gostos e vontades dos filhos. ‘’Diversos estudos mostram a relação entre a publicidade e a obesidade infantil’’.
“Não tem jeito”, diz publicitário
Apesar de saber dos malefícios desse tipo de alimentação, para o Vice Presidente do Sindicato dos Publicitários de Brasília, Pedro Abelha, a publicidade não vai mudar em relação à criança. “O trabalho é vender, não tem jeito’’.
Para Abelha, a solução é que o Governo brasileiro ‘‘derrube os alimentos que fazem mal, pois esta é a fonte dos problemas, não a publicidade’’. O publicitário entende que os conselhos de alimentação precisam legislar sobre a utilização de ‘veneno’ nas comidas. ‘‘A publicidade é mais fraca que a indústria e por isso é a mais afetada nessa briga’’, declarou.
Multa
Enquanto que as empresas de publicidade afirmam não poderem mudar as práticas e a legislação, as empresas já sentem algumas derrotas. Um dos exemplos mais recentes ocorreu no início de abril, quando a McDonald’s no Brasil foi condenada pelo Procon-SP a pagar multa de R$ 3,19 milhões por veicular comerciais considerados abusivos do lanche infantil McLanche Feliz.
Por Jamile Rodrigues e Thaís Ribeiro – Agência de Notícias UniCEUB
Foto: Kamila Siqueira