Mais de 100 hortas comunitárias no DF ampliam sentidos de cidadania e sustentabilidade

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Áreas verdes, produtos orgânicos, plantio e colheita. Em meio à área urbana, hortas comunitárias crescem na capital. Dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF) confirmam esse cenário. São mais de 100 espaços assim em Brasília. Na quadra 206 da Asa Norte, uma horta comunitária agrega cidadania e convivência em comunidade em um só lugar.

Diego Paz de Oliveira e Igor Aveline, ambos de 22 anos, foram os responsáveis por criar o projeto chamado Re-ação. O objetivo, segundo Igor, era arrecadar verba para iniciar a construção da horta comunitária. O espaço nasceu e hoje inclui cursos de aprendizagem para interessados em aprender técnicas agroecológicas. No local também são trabalhadas atividades do processo de transição para uma sociedade mais sustentável.

Doca Oliveira: horta une moradores de uma forma diferente

Plantação coletiva

Morador e um dos idealizadores do projeto, o estudante Doca Paz Oliveira, 23 anos, destacou que o surgimento da horta foi importante não apenas pela questão ambiental e ecológica, mas, também, pelo contato mais próximo com a comunidade.  “Muitas pessoas se reúnem aqui várias vezes para plantar ou fazer algum outro tipo de atividade e isso acaba unindo mais os moradores. Muitos que conheço que moram aqui ou vêm de regiões próximas advém da horta comunitária”, contou.  Para o irmão dele Diego Paz, 22 anos, a interação e o convívio social melhoraram após o surgimento da horta comunitária na quadra. “Hoje em dia temos pouco contato com as pessoas e a horta comunitária ajuda nessa questão”, contou.

Além de moradores da região, Doca e Diego ajudaram desde a concepção da horta. Junto com Igor, agricultor urbano, eles auxiliaram na criação do site batizado de Catarse. Foi a partir dele que iniciou a campanha de divulgação do projeto e a conquista de verba para a construção da horta.

Espaço de convivência

Pedro Russi com a filha: horta ressignifica os lugares porque requer compromisso dos vizinhos

 

O espaço reúne moradores, pedestres e gente de fora. É o caso do professor universitário Pedro Russi, 46 anos. Sempre quando pode ele leva a filha Chiara Russi, 5 anos, ao local. “A horta comunitária coloca o espaço urbano e público em outra dimensão no quesito de se apropriar do espaço. Uma horta comunitária ressignifica os lugares, pois requer um compromisso dos residentes que moram aqui próximo.” Para Pedro, o espaço é importante para as crianças terem contato direto com a natureza desde pequenos. “A relação com a área urbana e a natureza é fundamental para o bom crescimento intelectual delas”, ressaltou.

Para Doca as hortas comunitárias já estão mudando a vida das crianças que convivem com o espaço. “Aqui na horta a gente vê os pais interagindo com as crianças de outra maneira, mostrando para elas o que é uma bananeira, um pé de manga. Isso ajuda muito no desenvolvimento da criança”, destacou.

O espaço conta com pés de jamelão, abacate, bananeira e mandioca. O plano é de deixar a 206 Norte como exemplo de quadra modelo de agricultura urbana, com central de compostagem, horta comunitária, espirais de ervas e sistema agroflorestal.

Professora de Engenharia Florestal, Carmem Regina, ressaltou que a importância das hortas comunitárias está no coletivo. “O sentido cidadania está muito ligado nas hortas comunitárias. As pessoas se ajudam fazendo a parte delas, mas não só para elas. É para um bem comum.” Na quadra onde Regina mora, na 205 Norte, também existe também uma pequena horta comunitária. “Em Brasília tem muitas áreas verdes, áreas com um potencial para servirem a essa atividade”, ressaltou.

Tancredo Alves em entrevista: “Conseguimos o apoio de mais moradores que nos ajudaram com tratores e máquinas grandes”

Tratores no Morro Azul

 

Fora do Plano Piloto existem outros exemplos. É o caso da horta comunitária de São Sebastião que fica na quadra 12 da região do Morro Azul. O idealizador é o aposentado Tancredo Alves, 70 anos. Morador do local há 20 anos, ele e mais três amigos se uniram e, do local que era um lixão, nasceu área verde. “No início plantamos verduras, alface, tomate e outros vegetais que são necessário na cozinha. Depois conseguimos o apoio de mais moradores que nos ajudaram com tratores e máquinas grandes para acelerar o nosso trabalho.”

Rosane Alves do Nascimento, 45 anos, é a coordenadora da horta girassol que existe desde 2005. Ela contou que o trabalho começou depois de um surto de hantavirose que levou uma moradora a morte em razão do lixão que tinha no espaço. Com a mobilização da comunidade, o terreno foi limpo e adubado.  “No início tínhamos apenas dois canteiros e, agora, temos uma área de cinco mil metros quadrados. Cuidamos de três nascentes e estamos com um projeto de agrofloresta dentro do campus de São Sebastião. Levamos o projeto para várias escolas e inclusive ao Centro de Internação de Adolescentes de São Sebastião. Temos muitos outros pela frente”, orgulha-se.

Por Thiago Nunes (texto e fotos)

Artes: Alice Vieira

Sob supervisão de Isa Stacciarini

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