20 anos da morte de Galdino: antropólogos explicam aumento de assassinatos de indígenas

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No dia 20 de abril de 1997, o Brasil inteiro ficou chocado com o brutal assassinato do índio pataxó Galdino José dos Santos. Ele teve o corpo incendiado por um ataque de jovens na avenida W3 Sul, em Brasília. Vinte anos depois, o caso, que ganhou visibilidade em plena cidade grande, se transformou em dado para estatística da crueldade. No entanto, é a luta no campo que tem sido responsável por matança de indígenas, conforme revelam relatórios de violência. Confira gráfico abaixo. A situação é explicada por antropólogos.

O aumento de casos de assassinato nos últimos governos é uma resposta ao recuo dos investimentos do processo de demarcação de terra, fenômeno explicado pelo antropólogo Cristhian Teófilo. “Faz com que os conflitos que já existiam sejam acirrados e isso se traduz pela quantidade de mortes de indígenas no campo”.

Para a antropóloga e assessora do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Lúcia Helena Rangel, os conflitos relacionados à posse de terra são as principais razões para o alto número de assassinatos. “Acontece o conflito pela posse das terras quando os indígenas estão organizados e articulados para retomar antigas aldeias ou quando são terras cobiçadas por madeireiros ou invasores”, afirma Lúcia Rangel. Além disso, a antropóloga afirma que, muitas vezes, os crimes ocorrem por desavenças e brigas pessoais, mas que mesmo assim são motivados por um contexto de embate por terras.

A demarcação e proteção de territórios é uma condição essencial para o respeito da cultura, manutenção da saúde e educação bilíngue e especializada, segundo Cristhian Teófilo. “Quando não há um programa de proteção aos indígenas do ponto de vista dos direitos humanos, eles ficam vulneráveis à violência dos ocupantes das terras, que muitas vezes estão apoiados por interesses econômicos”, afirma o antropólogo.

Covardia
Galdino foi assassinado dia 20 de abril de 1997 enquanto dormia em uma parada de ônibus na W3 sul. Cinco jovens atearam fogo nele.

Para Cristhian Teófilo, o caso de Galdino exemplifica como indígenas são recebidos na capital. “É um caso bem característico desse trânsito de lideranças desses povos. Eles vêm até Brasília para falar com as autoridades federais do país porque os povos indígenas têm as suas políticas tratadas no âmbito do governo federal”.

Por Beatriz Castilho e Isabella Cavalcante

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