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Visão turva, tontura, cabeça pesada e enjoos fortes que podem desencadear vômitos são alguns dos sintomas que fazem parte da rotina de quem tem enxaqueca. Trata-se de uma doença neurológica e sem cura. O estresse, a ansiedade, o sono desregulado e a má alimentação, em conjunto com o sedentarismo, são os principais gatilhos que desenvolvem a doença.
Para um acompanhamento adequado, é importante que o paciente tenha consultas regulares com o médico neurologista. É ele quem vai indicar, também, exames complementares para descartar outras doenças. “Quem não segue o tratamento ou não procura o especialista pode sofrer crises frequentemente e piora na qualidade de vida”, explica a neurologista Liliane Ângela de Oliveira
O desenvolvimento da enxaqueca pode ter relação com uma uma predisposição genética, mas o estilo de vida contribui. Entre os principais sintomas aparece uma dor latejante em apenas um lado da cabeça. Além disso, as dores podem ser acompanhadas de náuseas, vômitos e intolerância à luz e ao som.
Existem dois tipos da enxaqueca: “com aura” e “sem aura”. Esse é o nome que se dá a enxaqueca que desencadeia sintomas visuais ou sensitivos. Segundo estudos, cerca de 20% das pessoas com a doença apresentam aura. “A aura é acompanhada de dor de cabeça e alterações visuais, como perda do campo visual, pontos brilhantes. Sem ela não temos essa manifestação”, explica a neurologista.
A dor da enxaqueca
Essa realidade faz parte da rotina de Thiago Aquino, 20 anos, estudante de TI. Ele conta que sofre há seis anos com as dores, mas, após estudar sobre o assunto, mantém, hoje, o equilíbrio nos períodos de crises. “A primeira vez que tive a crise meus familiares pensaram que eu fosse ter um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Primeiro a visão escureceu e, em seguida, senti uma dormência no braço e no lado esquerdo do rosto. Fui ao hospital e deram o diagnóstico de enxaqueca com aura. Depois disso, mudei a rotina”, conta.
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Os médicos recomendaram ao paciente praticar esportes e manter uma alimentação saudável. “Pratico judô e capoeira, cortei o café, o chocolate e refrigerantes e, ainda, busco ter sono regulado”, explica Thiago. O estudante ainda relata que por meio da meditação encontra o equilíbrio emocional que diminui os períodos das crises. “Acordo cedo. Na maioria das vezes medito e tento dormir cedo também”, completa.
Segundo Thiago, uma das dificuldades nas crises é o fato de algumas pessoas não acreditarem na dor. “Já tive que sair da escola várias vezes por causa da crise. Ficava mal de uma hora para outra. Os professores e os colegas não acreditavam em mim’’, lamenta. “Também já andei pela rua sem enxergar por causa da aura na enxaqueca e, com muita dificuldade, consegui chegar em casa”, acrescenta.
A psicóloga Juliana Junes, 29 anos, sente dores moderadas de cabeça desde quando era criança. Ela conta que já precisou cancelar alguns compromissos em razão das crises e, após sofrer com a enxaqueca, mudou os hábitos, como alimentação e exercícios físicos. “A melhor forma de lidar nesse período é tomar medicamento e ficar deitada no quarto com pouquíssima luz até dormir. Por ser uma doença invisível, as pessoas não sabem quando você está com enxaqueca. O comportamento muda e, às vezes, apavora quem é próximo”, explica. “Já cheguei a chorar de dor algumas vezes e isso assustou meu marido, justamente porque não é algo visível. Mas ele e todas as pessoas próximas entendem que a melhor coisa a fazer é me deixar quieta e esperar a medicação fazer efeito e a dor passar”, completa.
Incapacidade
A enxaqueca deixa o indivíduo incapaz de realizar qualquer tipo de atividade, principalmente quando a dor é intensa e, por isso, para algumas pessoas, é necessário o uso rotineiro de remédios, além da pontualidade na alimentação. Esse contexto faz parte da rotina da estudante de curso técnico de enfermagem Cinthia Sobral, 34 anos. Ela conta que os períodos de crise são imprevisíveis e que nem sempre as mudanças dão resultado. “Já tentei vários estilos de vida. Dietas, academia e tratamentos longos, mas que até hoje nada adiantou”, alega.
Cinthia também já passou por perdas de momentos importantes na vida, como um estágio, viagens e o casamento da melhor amiga por causa da intensidade e longo período de dor. As amigas e o marido são compreensíveis e ajudam no que é necessário. Ele por exemplo, assume as responsabilidades da casa e cuida da filha e da enteada para que a mulher possa ficar em repouso. “Perdi um estágio em um escritório de advocacia, pois fiquei 15 dias com dores intensas sem parar e me demiti”, lamenta.
A médica Neurologista Liliane Ângela de Oliveira explica que o paciente com enxaqueca precisa tem sono regular entre seis a oito horas de sono, ter boa alimentação e praticar exercícios físicos. Ela recomenda, ainda, que nos dias de crise o paciente fique em repouso, sem barulhos, e em ambiente com pouca luz. Fazer uso da medicação prescrita pelo neurologista e compressas de gelo podem ajudar a aliviar a dor. No entanto, os tratamentos de fisioterapia, acupuntura e psicoterapia só podem ser realizadas com a recomendação do médico.
Alimentação saudável
A alimentação saudável é fundamental para diminuir as crises de enxaqueca, uma vez que alguns alimentos podem desencadear as dores. A nutricionista Simone Rocha alerta que os pacientes evitem alimentos industrializados e processados. “O leite, queijos amarelo escuro, refrigerantes do tipo cola, chocolate e o café podem desencadear crises e ser um tormento para alguns”, explica.
Quem sofre de enxaqueca deve ter uma dieta balanceada, além de seguir uma alimentação fracionada a cada três horas e manter-se hidratado para não gerar hipoglicemia: diminuição de açúcar no sangue, caso a pessoa fique horas sem se alimentar. A nutricionista conta que deve investir em alimentos ricos em complexo B, fontes de ômega 3, magnésio e selênio, pois atuam no sistema nervoso e ajudam a diminuir as crises.
Por Beatriz Souza
Arte: Gabriela Vital
Sob supervisão da professora Isa Stacciarini