
A ansiedade é uma das doenças que mais atinge os brasileiros. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que 23,93% da população sofrem com a doença e o uso de medicamentos controlados aumenta a cada dia. Segundo levantamento dos Serviços de Marketing Intercontinental (IMS Health), o número de medicamentos tranquilizantes vendidos ultrapassou 18,5 milhões, em 2014. No entanto, muitas pessoas recorrem a outros meios de aliviar a ansiedade, como é o caso da psicóloga clínica Camila Wolf de Oliveira, 34 anos. Ela lançou, em março deste ano, um aplicativo com o intuito de ajudar os pacientes com transtorno de ansiedade.
A pessoa com ansiedade pode desenvolver medo, apreensão, aflição ou tensão. A partir do momento em que a ansiedade torna-se frequente e exagerada, é necessário consultar um profissional para atestar se há o padrão de preocupação e ansiedade constante. A psicóloga conta que já atendeu pacientes que fizeram uso prolongado de medicamentos sem procurar ajuda psicológica e tornaram-se dependentes de ansiolíticos: medicamentos que ajudam a controlar os sintomas.
Desde então, Camila escolheu conscientizar as pessoas com e-books e, em março de 2017, criou o aplicativo Querida Ansiedade que mostra ser possível cuidar de si mesmo sem adquirir vícios. Segundo ela, o objetivo do projeto é encorajar as pessoas que sofrem com este mal. “Os sintomas são físicos, psicológicos e comportamentais, como taquicardia, sudorese excessiva, sensação de falta de ar, mãos e pernas trêmulas, palpitação, desconforto abdominal, medo, preocupação excessiva e fobia”, explicou.
A estudante Eduarda Yorrana da Silveira, 19 anos, natural de Catalão, descobriu a ansiedade quando percebeu a aflição em momentos de decisões e conflitos. Nessas ocasiões, ela roía unhas, tinha taquicardia e ficava com as pernas trêmulas. Eduarda encontrou nos textos uma forma de aliviar o que sente. Por este motivo, criou uma página no Facebook. Na plataforma ela escreve textos explicando o que sente e faz com que os internautas se identifiquem com as postagens. “Sinto como se aquilo pulasse para fora de mim, como se um peso me fosse tirado e vejo que não sou a única a sentir isso. Já recebi mensagens de pessoas agradecendo pelo alívio das palavras, por saberem que não são as únicas que sofrem com isso.”
Embora grande parte da população não procure auxílio médico para confirmar o transtorno de ansiedade, muitos têm a consciência que possuem a aflição em situações momentâneas. A analista fiscal Rebeca Postiço, 28 anos, é um exemplo de pessoa ansiosa que não possui o transtorno. Ela também criou uma página humorística no Facebook, a Sra. Ansiedade, quando percebeu que as pessoas riam das situações em que ela demonstrava estresse e ansiedade. A página a deixou mais tranquila e diminuiu a intensidade do estresse. “Espero que entendam que todos nós temos problemas e que as criticas têm dois lados: o que as pessoas falam e o que queremos ouvir.”
Júlia Campos
Sob supervisão de Isa Stacciarini