Pesquisadores da área de defesa militar defenderam, nesta semana em Brasília, que estado, iniciativa privada e universidades trabalhem juntos para ampliar o potencial da indústria de defesa no Brasil. Eles acreditam que o desenvolvimento tecnológico nesta área propicia ganhos sociais também.
A especialista de defesa da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Larissa Querino, explica que é o próprio Estado quem gera a demanda e que vai alimentar a venda para outros países, por exemplo. “Defesa tem outra lógica. O Estado compra daquela empresa e pode exportá-la”, explicou.
A especialista lembrou que grande parte dos produtos e tecnologias feitas para defesa acabam migrando para o mercado civil, mas ressaltou o pequeno investimento nessa área industrial. No ano anterior, da parcela do PIB para defesa (1,34%), só 8% foi para investimentos, enquanto 76% era para gastos com o pessoal.
Em seguida, o professor Igor Castellano, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), mostrou como a indústria de defesa pode se tornar um centro de pesquisa. Ele utilizou a própria universidade como exemplo, que realizou diversos projetos e elaborações de produtos para defesa. Para ele, a dificuldade em se investir nesse campo é em “como justificar gastos com o armamento”. Uma solução seria a integração entre empresas e agências com outras áreas do setor público para beneficiar o principal consumidor, o governo. Nesse processo, a sociedade local receberia os resultados da pesquisa em inovação tecnológica e em incentivo industrial.
“No jogo militar, só se pode ganhar”, diz general
Investimentos em tecnologia e pesquisa são uma solução que o general da brigada (aposentado) Mauro Gomes, também, acredita ser o caminho certo. “No jogo militar, só vale a pena ganhar”, destacou. Ele afirmou que “países mais desenvolvidos já entenderam essa base”. O general acredita que o preparo é importante, mesmo que aparentemente não exista ameaças próximas. O cenário presente no campo militar brasileiro é a falta de base científica tecnológica em defesa, segundo o pesquisador. Gomes afirmou que o Brasil sobe em “uma escada rolante que desce”. O país necessita estar constantemente investindo e aprimorando em tecnologia industrial de defesa, para não ‘descer’ pela escada.
O discurso do general foi reforçada pelo Secretário de Produtos de Defesa, Flávio Basílio. “A maior dificuldade não é desenvolver tecnologia, é manter”. Também economista, o secretário contou como o modelo de desenvolvimento tecnológico da política industrial do Brasil segue os padrões da década de 50 – o modelo de substituição de importação.
Para ele, o necessário é modificar essa forma de negociação e ter um pensamento mais estratégico com a colaboração de outros países. O secretário também retomou a fala anterior dos outros pesquisadores, reforçando que a ciência e a tecnologia aplicada ao meio militar podem “transbordar” para o meio civil. Basílio vê a capacidade de integração entre governo, faculdade e indústria como forma de incentivar esse desenvolvimento industrial de defesa.
Confira a mesa-redonda completa aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=K8egAkvfzR8
Por Larissa Lustoza
Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira