Festival de Brasília: exibição do filme sobre casamento indígena é marcada por pedidos de demarcação de terra

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Durkwa e Sawidi Xakriabá protestam a favor da demarcação de terras antes da exibição do documentário Damrõze Akwe

A exibição do filme Damrõze Akwe, que ocorreu na quinta (21/09), durante o Festival de Brasília de Cinema Brasileiro, foi marcada pelas mensagens do casal Durkwa e Sawidi Xakriabá, indígenas protagonistas do filme. Em discursos antes do filme, eles explicam que o filme é um resgate cultural do povo historicamente massacrado. Eles reivindicaram demarcações de terras indígenas. “Nós protegemos a mãe Terra, a Mãe Natureza. Demarcações já!”, protestaram. Saiba mais sobre o filme.

No debate após o filme, Durkwa também reinvindicou o “lugar enquanto um Xakriabá que, historicamente, é um povo de luta engajado em defender todos os indígenas”. Ele conta que muitos de seus antepassados tiveram a língua cortada para que se fosse obrigado a falar o português. “Estamos em um mundo que temos que fazer o que nos é imposto”, critica.

Ele ironizou que, na ida para o Cine Brasília, para a exibição do filme, ele e a esposa foram questionados se eram “indígenas de verdade”. Durkwa reclama que até hoje ainda são vistos por muitas pessoas como ornamentação. Além disso, durante o festival, uma mulher se surpreendeu com a presença dos indígenas e pediu uma foto com eles (o que foi recusado).

“A gente é de verdade, a gente existe e nós vamos resistir”.

O filme Damrõze Akwe, dirigido pelo jornalista Guilherme Cavalli, traz um resgate cultural do povo Xakriabá, povoado que ocupa terra próximo área no norte de Minas Gerais. A cerimônia do casamento de Durkwa e Sawidi, segundo eles, é o “maior resgate”feito nos últimos anos pelo seu povo. “Meu sonho era casar na minha cultura”, confessa Sawidi em trecho do filme.

“O casamento é fortalecimento para mostrar que temos o nosso mundo para viver e não um mundo imposto para nós”, explica Durkwa a respeito de costumes que foram incorporados ao povo Xakriabá. Ele questiona o fato dessas imposições terem tomado o lugar de alguns hábitos.

Muito se questiona a respeito da pintura corporal usado na cerimônia. Quanto a isso, no debate, Durkwa explicou que as pinturas são uma representação espiritual que tem a ver com a sua emoção do momento. “Não é como a tatuagem. A pintura sai e dá lugar a outra, com outro significado. Temos pinturas para o casamento, para quando estamos tristes ou felizes”, comenta.

O surgimento

O documentário surgiu a partir de um convite que Guilherme recebeu para ir ao casamento dos indígenas como amigo. Ele conta que estava com a câmera e resolveu fazer umas imagens. “A ideia inicial era dar um vídeo de presente para eles”, concorda. Ele resolveu produzir o Trabalho de Conclusão de Curso em jornalismo, acabou decidindo voltar para a aldeia e produzir as entrevistas para completar o filme. A mais alta menção não foi o único resultado. O sonho virou filme.

Confira vídeo com o diretor Guilherme Cavalli e Sawidi Xakriabá:

 

Cavalli se mostrou muito feliz com a oportunidade de poder exibir o filme em uma das maiores salas do país e lembra que é importante dar espaço para a população que está na margem de resgatar a sua cultura e de se reafirmar na sociedade.

Por Bruno Santa Rita (texto e fotos)

*Sob Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

 

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