A falta de pluralidade de vozes e a concentração da mídia nas mãos de poucos grupos foram expostas na pesquisa “Quem controla a mídia”. O Media Ownhership Monitor já foi realizada em 12 países. No Brasil, o grupo Intervozes e a ONG Repórteres sem Fronteiras foram os responsáveis e criaram um banco de dados que mostrou que o Brasil tem os maiores indicadores de alto risco para a liberdade de expressão e transparência na mídia.
Segundo Emanuel Colombié, do Repórteres sem Fronteiras, o monopólio das grandes empresas de mídia fere a liberdade de expressão. “A cidadania depende de muitas vozes e perspectivas, o monopólio ameaça esse exercício”. Para ele, a transparência – que também é pobremente realizado pelas empresas midiáticas – é essencial para o consumidor. “É importante que as pessoas saibam seus proprietários, suas inclinações e como isso afeta a distribuição de conteúdo”.

Além da falta de transparência, a pesquisa mostrou que há um vínculo permanente do poder político e do mercado financeiro com as empresas de mídia. Segundo André Pasti, do grupo Intervozes, que realizou a coleta e cruzamento de dados, os principais setores que as empresas midiáticas possuem outros negócios são: agronegócio, imobiliário, financeiro, educação privada e saúde. “Como ter um debate se as empresas têm outros negócios? Não tem essa pluralidade de vozes”. Ele afirma que a concentração da mídia em poucos grupos ameaça a democracia. “Não há democracia sem pluralidade de ideias e sem pluralidade na mídia”.
Além do controle da mídia, a procuradora-federal dos direitos do cidadão Deborah Duprat, acredita que se a pesquisa se estendesse para outros campos encontraria resultados parecidos de monopólio pelos mesmos grupos. “Nós não conseguimos nos desvencilhar dessa herança de poucos donos. São os mesmos grupos controlando as mesmas atividades faz muito tempo”.
Veja alguns dados da pesquisa abaixo e saiba mais em quemcontrolaamidia.org.br.
Por Larissa Lustoza
Ilustração da capa retirada do site da pesquisa
Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira