Exposição de Fábio Magalhães choca com imagens de pedaços de corpos humanos

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Corpos despedaçados, animais estraçalhados e pedaços de humanos embrulhados são inspirações da obra do artista plástico Fábio Magalhães.  O público se choca à primeira vista. Apesar da morte explícita nas cenas, as obras atraem o espectador. A mostra em cartaz na Caixa Cultural “Além do Visível, Aquém da Intangível” reúne 22 obras mais expressivas nos 10 anos da sua carreira.

Baiano, nativo do município Tanque Novo, a 800 km de Salvador, com apenas 36 anos de idade, o artista  já coleciona 5 séries de obras: “O Grande Corpo”, “Retratos Íntimos”, “Superfícies do Intangível”, “Latências Atrozes” e “Limites do Introspecto”. Todas trazem aspectos fora da visão comum com traços sensíveis, porém formam uma obra forte e marcante. A exploração da ligação entre humano e animal está embutida nas obras.

O autor das obras, Fábio Magalhães, fez um percurso guiado pela sua exposição

Segundo o artista, as obras partem de “dentro” dele. “Percebe-se a real essência, um possível cárcere de palavras interrompidas desde o inicio de um sopro”.  A forma do autor de entrar na mente de quem vê o medo mais profundo até a pessoa perceber as metáforas presentes. “Onde havia um sentimento de medo e morte se transforma em contemplação de um vinculo humano animal a qual banalizamos, a morte vem para ambos”. Um objetivo para ele foi trazer inspiração ao observar uma obra está relacionado com a observação e reflexão sobre o comportamento humano e entra em conflito com sua ética natural de “pregar-se” a vida.

 

A forma de retratação foi a pintura, a técnica utilizada foi óleo sobre tela, que máxima a observação aos detalhes.

Por outro lado, algumas obras trazem a solidão como foco. Na obra “A certeza é a prova da dúvida” que retrata uma criança acolhida pelo seu cobertor, quando está com medo em meio o escuro do quarto, onde o “mal” não pode alcança-lo, gera uma dualidade entre estar protegido ou abandonado. Na obra”Em tempos de incertezas, o devaneio é a via de fuga”, um possível amigo imaginário entra em cena, as dúvidas que temos ao longo da vida e medo de enfrentá-las usa a fuga da imaginação para não confrontar a certeza(verdade).

A certeza é a prova da dúvida (Série Latências Atrozes)
Em tempos de incertezas, o devaneio é a via de fuga (Série Latências Atrozes)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aos 25 anos, Fábio terminou a faculdade e passou a investir na arte. “Naquele momento, identifiquei que a pintura passaria a ser minha companheira eterna. Desde então, venho construindo uma obra que se conecta com as sensações humanas, presentes em imagens construídas por mim”. Desde 2008, quando houve sua primeira exposição individual, as exposições de Fábio entraram em ascensão pelo país.

As obras são críticas, que tiram o espectador da sua zona de conforto para buscar um possível entendimento do que suas pinturas tratam .“Os elementos visuais que constituem as composições das pinturas são selecionados para ‘funcionar’ como códigos de uma metáfora a ser interpretada por aqueles que têm acesso à obra. Assim, a imagem da pele de um animal, vísceras, partes de um corpo humano ou animal, adquirem potenciais que ampliam o poder metafórico de cada obra.” O “macabro” presente nas obrasé uma espécie de assinatura do artista.

 

 

Pintar foi a forma de representação do artista. À margem da perfeição de uma fotografia, os traços e cores da suas pinturas trazem uma liberdade para a crítica dualista. Para Fábio, a superfície da tela ganha uma permeabilidade com a imagem, onde o observador pode atravessar e encontrar  outros lugares e imagens que só existem na imaginação.

O título “Além do Visível” é um gatilho para a mente atingir a verdadeira visão que a pintura pode oferecer, onde cada um tem uma experiência própria baseada na obra. “Posso dizer que em cada cidade existem discussões distintas, pois o trabalho tem um caráter provocativo em cada imagem, construindo uma ambivalência entre sedução e repulsa”.

A curadora da mostra, Alejanda Muñoz, concorda com o artista e vê na arte de Fábio Magalhães um teor desafiador. “A pintura de Fábio Magalhães se constitui nesse lugar inquietante entre o visível, reconhecível e familiar e o inefável e intangível”, comenta.

Neste ano, ele volta a Brasília para a reunião de suas obras mais memoráveis. “Essa será a quarta vez que exponho meu trabalho em Brasília. Contudo, é a primeira vez que estarei apresentando uma mostra individual em Brasília, principalmente por se tratar da reunião de dez anos dedicados à pintura. Assim, essa exposição marca, mais uma vez, a importância dos centros culturais brasileiros na carreira de uma artista.”

A exposição vai  até 27 de maio, na Galeria Vitrine da Caixa Cultural Brasília (Setor Bancário Sul Qd 04), de terça-feira a domingo, das 9h às 21h.

Confira as fotos da abertura da exposição com Fabio Magalhães:

 

Por Efraim Freitas

Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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