Era para ser, novamente, um dia histórico. Mais de dez mil pessoas marcharam em direção ao Congresso Nacional ao entardecer. O clima de tranquilidade imperava na capital do Brasil. A polícia, em um número muito maior do que nos primeiros dias de protesto, escoltava os manifestantes pacificamente. Ao mesmo tempo, passava, claramente, a mensagem de que não toleraria bagunça e confusão. Tudo parecia correr bem. No entanto, manifestantes se afastaram depois de episódios de violência e vandalismo de um grupo que partiu para um confronto com os policiais. Não foram poucos os objetos arremessados. Bombas caseiras, pedras, sinalizadores (semelhantes àquele que matou um garoto de 14 anos na Bolívia em jogo do Corinthians). Resultado disso: spray de pimenta e gás lacrimogêneo contra o protesto. Em segundos, a multidão, em sua grande maioria gritando “sem violência, sem vandalismo”, foi obrigada a se dispersar. Não era difícil ver pessoas desacordadas sendo carregadas para as ambulâncias que estavam paradas próximas ao Ministério da Justiça.
Revoltada pela ação da polícia, a multidão dirigiu-se, então, para o Palácio do Itamaraty. Parecia que seria apenas a continuação do protesto. Mas os mesmos vândalos que iniciaram toda a confusão foram responsáveis por cenas antes inimagináveis. O confronto com a polícia continuou. Mais objetos arremessados contra o policiamento e contra o prédio. Com a polícia acuada, foi fácil para muitos invadirem o Palácio. Mais bombas e princípio de incêndio na entrada do Itamaraty. Vidros quebrados, pessoas em cima do monumento conhecido como Meteoro. Cenas de guerra civil. Mais spray de pimenta e gás lacrimogêneo. A multidão novamente se dispersa e parece perceber que era uma briga sem fim. Muitos se dirigem ao Eixão para continuar, de forma pacífica, o protesto. Outros, poucos, se dirigem à Catedral e depredam mais este monumento. Em um balanço divulgado pela Polícia Militar, 111 pessoas ficaram feridas durante as horas de manifestação.
Foi mais um dia em que a população buscou seus direitos da forma mais democrática possível. Indo às ruas, se unindo em prol de uma causa, ou de várias causas. Tinha tudo para ser histórico. E foi. Até o momento em que começaram os confrontos.
Por Lucas Salomão – Agência de Notícias UniCEUB