A Bossa Nova completa 60 anos em 2018, o que motiva releituras e revisitas a um gênero que marca a música popular brasileira. Uma dessas iniciativas é do maestro Carlos Prazeres, que, em parceria com duas empresas privadas, conseguiu recursos via Lei Rouanet para viajar pelo Brasil para mesclar os gêneros. Segundo o regente, a sociedade ainda tem como paradigma a orquestra para pessoas ricas ou com mais idade. “É um projeto que pretende mostrar a música orquestral sob uma nova ótica, um novo viés e tem com objetivo quebrar os estereótipos que cercam a música popular e música clássica”, afirma.
O show de abertura foi em Brasília com a participação do cantor Alceu Valença. A próxima parada é em Porto Alegre, no dia 25 de julho, com o cantor Rogério Flausino. Na capital do país, por exemplo, canções de Radamés, Villa-Lobos, Tom Jobim, João Gilberto, João Donato, Gilberto Gil e Alceu Valença fizeram a platéia se emocionar em um espetáculo interativo onde o público era ensaiado pelo maestro para cantar junto com a Orquestra Filarmônica de Goiás.
Para a escolha do repertório do show, o maestro afirma que um dos critérios foi revisitar a Bossa Nova de um jeito diferente. “Ao pensar no advento da Bossa Nova, pensamos em construir um concerto participativo que despertasse a semente nas pessoas para que elas pudessem voltar a ouvir e a saber mais sobre a Bossa Nova.”
Misturas
A prova que os padrões podem ser rompidos é a junção do trabalho da orquestra com as músicas do Alceu Valença “ A gente vê na música do Alceu harmonias riquíssimas e há uma erudição nas próprias letras, como na canção La Belle de Jour do filme de Buñuel.”
As músicas do Alceu não foram modificadas e sim “vestidas” pela orquestra. O regente explica que para a orquestra não houve dificuldade técnica, mas que foi desafiante conseguir trabalhar o swing, o sotaque e não deixar o cantor que é conhecido pela alegria contagiante ficar engessado no palco.
Por Marília Sena
Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira