Durante mesa-redonda sobre a cobertura esportiva em tempos de megaeventos, 14 jornalistas lançaram e-book sobre o perfil dos talk shows esportivos na televisão brasileira. Durante 15 dias do mês de maio desse ano, os jornalistas acompanharam 12 talk shows esportivos em emissoras abertas e fechadas da televisão brasileira e analisaram o formato, as fontes, o material utilizado, profissionais encarregados, periodicidade, linguagem jornalística e conteúdo apresentado. O resultado da pesquisa acadêmica aponta que os programas, em sua grande maioria, são um bate-papo apenas sobre futebol, com concentração em jogos e times do Rio de Janeiro e de São Paulo. “São verdadeiros talk shows futebolísticos”, afirma a jornalista Regina de Sousa.
Os autores do e-book são jornalistas estudantes da pós-graduação em Jornalismo Esportivo, curso oferecido pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) que aceitaram o desafio de produzir pesquisa acadêmica para a disciplina Teorias da Comunicação. “Estamos em um programa de pós-graduação em época de megaeventos e tive muita satisfação ao propor e os alunos aceitarem que nós, juntos, fizéssemos um estudo dos talk shows esportivos no Brasil”, disse a professora Mônica Prado. A mesa-redonda que sediou o lançamento do e-book contou com a participação do coordenador do curso da pós, Sérgio Galdino, e dos professores colaboradores do e-book, Frederico Tomé e Bruno Nalon, e do estudante de Jornalismo do 6º. semestre, Paulo Gomes, coautor do trabalho.
Os artigos do e-book além da análise dos 12 talk shows também falam sobre os legados de megaeventos esportivos, as tendências do jornalismo esportivo e sobre as rotinas produtivas. A jornalista Sthael Samara, em seu artigo, indaga se a ausência de outras modalidades esportivas nos talk shows não se deve a uma rotina acomodada por parte dos produtores e apresentadores. “A sociedade brasileira só se interessa por futebol porque é só o que a mídia publica ou a mídia só publica sobre futebol porque é só por isso que a população se interessa?”, pergunta Sthael. Ao fazer uma reflexão sobre a prática jornalística esportiva, Sthael também se pergunta e se essa não é uma construção social preconceituosa e restritiva que os jornalistas estão se sujeitando, de um lado, e reforçando de outro.
Se as rotinas produtivas apontam uma acomodação, as tendências indicam que o jornalismo esportivo cada vez mais incorporará o humor às notícias, ex-atletas como comentarista ou apresentadores e o feminino nas coberturas. Além de trazer as mídias sociais como parceiros para a apuração e produção de material e também como braço interativo dos programas. A mesa-redonda sobre a cobertura esportiva fez parte da programação do XI Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão do UniCEUB, que encerra hoje (3 de outubro).
Por Mônica Prado e Paulo Gomes – Agência de Notícias UniCEUB