A história do Centro de Ensino Fundamental número 15, no Gama, região administrativa do Distrito Federal a 30 quilômetros de Brasília, é feita de muitos barulhos. E também por silêncios. O mais ruidoso era formado por uma onda sonora de bullying. A professora e diretora Ana Helen lembra daquela época de tons destoantes: “Quando eu assumi a escola, era depredada, cheia de violência, tráfico de drogas dentro da escola”
A trilha dessa história começou a mudar quando os professores se uniram e resolveram chamar a comunidade para dentro da escola. “Nossas primeiras ações foram recuperar a identidade, o sentimento de pertencimento à comunidade”
O trabalho na escola precisa ser contínuo e brechas para ruídos devem ser evitadas. “Bimestralmente, temos 2 ou 3 palestras para alunos e professores de prevenção contra cyberbullying”
Até os pais entraram na história de mudar o compasso dessa música. “Toda parede tem escrito um princípio: paz, solidariedade”
O esforço deu resultado. Todos viraram maestros da orquestra. “Recebemos prêmio de melhor escola do DF e top 5 do Brasil”
A psicóloga e antropóloga Ciomara Schneider lembra que crianças e adolescentes, muitas vezes, agem como um espelho e refletem aquilo que vêem em casa ou na internet. É a chance de se sentir incluído, ser notado. Na web, a visibilidade pode ser maior. “Bullying ultrapassou os muros da escola e foi parar no mundo virtual, que é um portal infinito”
No cyberbullying, a psicóloga relata um dos casos que acompanhou e atenta para as sequelas sociais. “Situação de menina que tirou fotos eróticas para o rapaz que estava ficando e teve elas compartilhadas. Ficou marcada e precisou trocar de escola. Tava sofrendo bullying na internet e na escola”
Maria Luiza, de 13 anos, sabe bem o valor da experiência de estudar nessa escola pública do Gama. “De tarde tem aula de dança, teatro. A escola me proporcionou experiências que me marcaram e vou levar pra vida”. O som das brigas se transformou em tantos outros. Eis aí um barulho que a educação pode promover.
Por Marília Sena, Vinícius Heck e Vítor Mendonça
Imagem: Página da escola CEF-15