Pedro, de 3 anos de idade, está ansioso para o início da aula. Ele está cercado de música, carinho e dedicação. Ele gosta de pegar chocalho e do barulho que vem do instrumento. Guilherme, de cinco anos, experimenta as cordas do violão, adora cantar no microfone e emocionar quem está por perto.
Pedro e Guilherme participam da Organização Não-governamental (ONG) “Uma Sinfonia Diferente”, uma iniciativa que trabalha com pessoas com Transtorno do Espectro Autista” (TEA). Atualmente, em Brasília, atende um total de 64 crianças, jovens e adultos, que vão de dois a 45 anos de idade. A entidade é responsabilidade do Instituto Steinkopf que trabalha com o foco no desenvolvimento dos potenciais das pessoas com esse espectro.
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O projeto Uma Sinfonia Diferente foi idealizado e criado pela musicoteurapeuta e diretora Ana Carolina Steinkopf, 26 anos. Ela explica que a primeira inspiração para a criação da “Sinfonia” veio dos pacientes. “Afinal foram deles que vieram com essa inquietação de fazer algo. Eu não me conformava com o fato de crianças com transtorno do autismo não apresentarem nas escolas, não participarem de corais e essa indagação foi a minha primeira motivação”. Ela acrescenta que outro aspecto importante para o surgimento do projeto foi o documentário de uma mãe nos Estados Unidos que fez um musical de crianças com o espectro autista. Esses dois fatores foram o princípio para o projeto se iniciar no Brasil. Todos os ensaios são regados por “amor” e “magia”.
Os grupos são divididos inicialmente entre “Sinfonia 1”, que começou no primeiro semestre deste ano, e “Sinfonia 2”, que se iniciou em julho. Saiba mais sobre autismo Assista também ao minidoc Autismo sem tabu Durante seis meses, ocorrem ensaios semanais que têm o intuito terapêutico e de aprendizagem das músicas e coreografias. Em seguida, nos próximos seis meses os ensaios ocorrem no teatro.
A diretora cita que há uma maior participação no teatro. “Todos se envolvem, os pais, os funcionários e as equipes. Já que todas os grupos se juntam e os ensaios ocorrem dentro do próprio lugar. É sempre um desafio. Já a apresentação é mais um presente para os pais porque é a coroação de todo o processo terapêutico. É o que mostra para as famílias que é possível” Para a diretora, é uma sensação incrível.
“Não sei como descrever com palavras. E toda vez que eu paro para lembrar, eu fico muito emocionada. É a sensação mais louca do mundo, é como se você não estivesse sentindo o chão de tão em êxtase que você fica.
É além de surreal, é mágico.” desabafa a criadora do projeto. A próxima apresentação será do grupo da Sinfonia 1 nos dias 3 e 4 de novembro. Já o grupo da Sinfonia 2 apresenta em abril do ano que vem, em datas ainda não definidas. Enquanto isso, as crianças ensaiam, brincam e aprendem. A música não vai parar de tocar.
Por Sara Meneses (texto e imagens)
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira