No Centro de Ensino Fundamental 7, há um casal de idosos que decidiu se alfabetizar há pouco mais de um ano. Severino de Paiva tem 67 anos e a esposa dele, Maria de Paiva, 62. Na sala, os dois estão entre os alunos de uma turma de 30 pessoas que se encontram de segunda a sexta-feira durante a noite.
Maria e Severino vieram do Ceará e contam que lá eles tinham que trabalhar na roça e não recebiam incentivo dos pais para estudar. “Meu pai dizia que estudar não dava futuro, a gente tinha que trabalhar pra ganhar dinheiro”, diz Maria. Os alunos ressaltam que se sentiam envergonhados quando as pessoas pediam que assinassem os nomes, pois como não sabiam escrever tinham que ser identificados por meio das impressões digitais.
Severino afirma que quando não sabia ler se sentia constrangido em diversas situações. “Quando a gente ia pra igreja não conseguíamos ler a Bíblia e aí não podíamos acompanhar a leitura, a gente ficava só escutando. Também era difícil ir ao mercado porque a gente não sabia ver os preços das coisas”, conta.
Na sala de aula, também há pessoas que não são consideradas idosas, pois não são maiores de 60 anos, mas que já estão numa idade avançada para se alfabetizar, como é o caso de Sebastião dos Santos de 53 anos. Ele conta que quando era jovem trabalhava na roça e não teve a oportunidade de estudar.
Sebastião começou a estudar em 2012 e agora está começando a ser alfabetizado. “Eu tenho o desejo de aprender e aqui os professores têm boa vontade para nos ensinar. Eu estou muito feliz. Está sendo um pouco devagar pra eu aprender, mas com fé em Deus vou eu vou conseguir”, relata.
A professora da turma, Joselita de Miranda, 50, trabalha com o EJA há 18 anos e conta que eles são muito esforçados. Segundo ela, a maioria dos idosos demora cerca de um ano para ser alfabetizado. “A maior dificuldade deles são os problemas de saúde, a maioria tem problema de vista e isso torna o processo mais lento”, afirma.
De acordo com a psicopedagoga, Márcia e Freitas, os idosos têm mais dificuldade para aprender devido à diminuição da coordenação motora e as doenças decorrentes da idade. “O processo é lento, mas com a escrita e leitura esses idosos se sentem capazes de resolver seus próprios problemas relacionados a banco, escrever cartas, ler contratos, participar das redes sociais, que hoje é tão frequente entre todas as idades. Os idosos se sentem mais independentes”, explica Márcia deFreitas.
Por Paloma Conde – Agência de Notícias UniCEUB