Pelo menos um microônibus da empresa JAO (inscrita como cooperativa) faz a linha Aeroporto-Candangolândia irregularmente. O motorista e o cobrador trabalham sem uniforme. E para pegar o ônibus o passageiro pode pagar R$2,00 se a o pagamento for a dinheiro e R$2,30 se for usando o cartão do DFTrans. A equipe de reportagem flagrou o transporte.
O veículo tem a logomarca do governo do Distrito Federal (GDF), e de acordo com o DFTrans (a autarquia de fiscalização de trânsito local), a cooperativa não tem autorização para operar essa linha, mas apenas as linhas rurais que ligam a região do Park Way até o Free Park e ao Aeroporto.
As cooperativas responsáveis pela linha da cidade da Candangolândia são Coopertran e MCS. Mas alguns veículos dessa cooperativa, segundo o DFTrans, “acabam pirateando” linhas de outras empresas já que são, supostamente, mais rentáveis.
O valor cobrado no cartão do DFTrans é acima do cobrado em dinheiro porque R$2,30 é o um dos valores da passagem das linhas rurais. Mesmo fazer um outro percurso, o micro-ônibus passa o cartão do DFTrans normalmente.
Mas o fato de ter a logomarca do GDF não engana os passageiros. Eles afirmam que é comum o transporte pirata na área do Aeroporto JK e sabem identificar o micro-ônibus irregular. O funcionário da empresa TAM, Johnny Lino, 28, trabalha no aeroporto JK e mora na cidade da Candangolândia. Ele contou que acaba pegando ônibus, micro-ônibus e inclusive o transporte pirata. “Costumo pegar todos eles, o que queremos mesmo é chegar mais rápido em casa”, disse.
Silêncio – Os passageiros que conversaram com a equipe de reportagem disseram que nunca denunciaram a linha porque o transporte regular demora a passar com frequência. Alguns inclusive, disseram que quando vão de carro também fazem o transporte irregular com veículos particulares. O dinheiro da passagem ajudaria no combustível e os colegas pagariam apenas uma passagem – já que seriam duas com o transporte convencional (uma até o Plano Piloto e outra até a cidade de destino). Motorista e cobrador do ônibus não falaram sobre o assunto.
O DFTrans alerta, entretanto, que os perigos em se utilizar transportes piratas não são pequenos. O motorista pode estar sem a documentação legalizada, tanto do veículo quanto do condutor, ou embriagado, por exemplo. Ao utilizar o transporte pirata o passageiro está exposto a uma série de riscos, incluindo roubo, sequestro e estupro.
O DFTrans informou que já tem informações de que a cooperativa faz transporte pirata e que a Gerência de Fiscalização foi acionada para tomar as medidas cabíveis, entre as quais o recolhimento do veículo e multas, que variam de R$ 2 mil e R$ 5 mil. No entanto, o órgão não informou desde quando sabe do problema nem quando as medidas serão adotadas. De acordo com o artigo 265 do Código Penal, o transporte pirata é crime. A pessoa que estiver praticando pode ser julgada e condenada por atentar contra a segurança e o funcionamento de serviço de utilidade pública.
Neste ano, o DFTrans autuou 485 veículos que faziam transporte pirata. O órgão informou que os usuários devem denunciar os transportes irregulares através do telefone 156. A equipe de reportagem não conseguiu contato com a empresa JAO para pedir esclarecimentos.
Marlice Pinto – Agência de Notícias UniCEUB