12 peixes-bois são reintegrados na Amazônia

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Ao todo, 12 peixes-bois resgatados de caças ilegais ou de capturas acidentais foram reintegrados, nesta semana, à natureza na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, uma unidade de conservação a 173 km de Manaus, onde as comunidades  da unidade de conservação são parceiras do programa.

Essa foi a maior reintegração de peixes-bois da história realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) em parceria com o Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, executado pela Associação Amigos do Peixe-Boi (AMPA), uma organização não-governamental. O projeto  é patrocinado pelo Programa da Petrobras Socioambiental.

O biólogo Diogo de Souza, um dos responsáveis pelo programa de reintegração, explica que os peixes-bois soltos são monitorados diariamente por meio de cintos radiotransmissores que são fixados em suas caudas.

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“Percebemos que os animais se adaptam muito bem ao cinto transmissor, que tem menos de 800 gramas, o que não provoca incômodo em um peixe-boi que possui cerca de 150 quilos em geral”. Ele explica que, além disso, o local onde é posicionado o “cinto” não atrapalha na natação e na movimentação dos animais.

“Nas primeiras horas, os animais ficam um pouco incomodados por ser um objeto estranho no corpo deles mas esta inquietação não dura muito tempo e poucas horas depois o animal já volta a ter seu comportamento natural”, afirmou o biólogo Diogo de Souza, da Associação Amigos do Peixe-Boi (AMPA)..

O equipamento emite sinais pelos quais serão obtidas informações biológicas como movimentação, direção e bioacústica dos bichos. O sistema de bioacústica utilizado permite o reconhecimento de características comportamentais e sociais deles na natureza de forma não invasiva.

A devolução

A pesquisadora do Inpa, Vera da Silva, explica que a devolução dos animais é uma das etapas mais importantes para o projeto “A reintrodução dos peixes-bois para a natureza nos mostra que conseguimos concluir com os objetivos de resgatar, reabilitar e devolver esses animais, que estão ameaçados de extinção, à natureza”, explicou a bióloga, segundo divulgou a instituição.

Os animais passam por uma etapa de cerca de um ano de  semicativeiro na reserva antes de serem soltos na natureza. No local, eles poderão alimentar-se sozinhos com uma variedade de mais de 60 espécies de plantas aquáticas. Depois do período de reabilitação, os animais selecionados poderão ser soltos na natureza.

450 quilos por bicho

Os peixes-bois-da-amazônia, também conhecidos como manatins, são mamíferos aquáticos e podem medir até 3 metros e pesar até 450 quilos. Eles habitam apenas águas doces das bacias dos rios Amazonas no Brasil e no Peru e  no rio Orinoco na Venezuela. Também possuem respiração pulmonar porém, por terem metabolismo lento, são capazes de ficar até 20 minutos embaixo d’água. Este animal é importante para o equilíbrio dos ecossistemas da região, pois se alimenta de plantas aquáticas que ficam na parte superior das águas, evitando que elas se proliferem e impeçam a entrada de sol no rio.

Desde 1967, no Brasil os peixes-bois são protegidos por leis ambientais devido ao fato que todas as espécies encontram-se vulneráveis à extinção. Ainda que a caça destes animais para comercialização seja ilegal, eles ainda são vítimas destas práticas porque são muito lentos e dóceis, assim são facilmente capturados. Além disso, ainda são muito comuns as mortes por barcos.

O diretor da WCS Brasil, Carlos Durigan, organização não-governamental que atua na Amazônia e convidada para participar da soltura dos peixes-bois, disse que que a experiência foi “única e positiva”. “O sucesso desta etapa histórica é fruto de uma dedicação de décadas, liderada pela pesquisadora Vera da Silva, que conta com uma equipe engajada e competente. Um dos doze peixes-bois, que ainda estava sem nome até o dia da soltura, recebeu o nome de Iberaba por membros da comunidade Cuiuanã, que significa “o brilho da água”.

Por Camila Demienzuck 

Fotos: Divulgação

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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