Eu me inspirei no meu próprio desastre íntimo para essa peça, diz diretora de “Patético”

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A peça “Patético” está em cartaz até este fim de semana em Brasília, na Casa dos Quatro (708 norte). Patético, que tem direção e roteiro de Clara Rabello, traz as inquietações inerentes ao ser humano de uma forma sarcástica, protagonizada pelo ator João Pedro Ricken. O texto, que, de acordo com a roteirista da peça, é um reflexo das suas próprias angústias, retrata um ator que quer representar grandes peças, mas que tem que pagar contas e acaba trabalhando de animador de festas infantis, vestido de pato e transformando o palco em um divã.

A obra é uma peça do Coletivo Columna, que também estreou no ano passado a peça “Chapeuzinho Escarlate” com Clara Rabello no elenco. Em entrevista à Agência de Notícias do UniCEUB, a diretora e atriz conta um pouco da sua experiência com a peça.

Como surgiu a ideia da peça?

Um dia eu estava meditando e a primeira parte inteira da peça veio assim na minha cabeça. Eu sentei e comecei a escrever correndo e pensei: “eu tenho que terminar de escrever esse texto”. Essa peça para mim foi quando eu saí do “armário literário” e me assumi como escritora. Eu tinha pensado nessa peça sendo representada por uma mulher, mas a atriz que pensei estava envolvida em muitos outros trabalhos. Só que então, o João [Pedro] tinha acabado de voltar de viagem, tinha passado um tempo fora do país, e eu sempre fui muito apaixonada pelo trabalho dele e falei: “cara, eu vou chamar esse menino para trabalhar comigo” e ele comprou todas as ideias também. Eu estava em um momento em que vivia uma imensa crise existencial, tanto é que eu sou o “Patético”, o João me faz e o texto é 100% auto-biográfico e eu vivi cada sensação que está descrita no texto.

Quais suas inspirações para a produção de Patético?

Eu me inspirei no meu próprio desastre íntimo para escrever essa peça, mas obviamente que fui muito inspirada pelos escritores que gosto de ler. Eu gosto muito de Machado de Assis porque acho ele muito sucinto, eu gosto de Nelson Rodrigues porque ele é um excelente dramaturgo e tem um material muito rico de teatro e também em Campos de Carvalho, eu gosto muito do jeito que ele escreve, que é muito original e nonsense. Eu gosto muito dessa estética nonsense no teatro, que é a estética absurda. Eu gosto de transitar entre estéticas, técnicas e estilos de teatro. Eu me inspirei nas pessoas que admiro mas sobretudo em mim mesma.

Quais as expectativas com a peça?

Minhas expectativas são positivas, eu acho que as pessoas podem se identificar bastante com a peça, porque acima de tudo é um texto muito humano. É muito dramático, muito intenso e às vezes exagerado em alguns momentos que não necessariamente todo mundo sofre com aquilo, mas que sei que elas acabam se identificando porque elas conseguem se ver no rídiculo. Minha expectativa é que as pessoas assistam a peça e riam mas que também se emocionem, porque não é um espetáculo só de comédia. Meu objetivo é fazer um teatro que possa transitar pelas emoções e visitar vários lugares com elas.

Você participou também como atriz em Chapeuzinho Escarlate, como foi a experiência? Vocês pretendem fazer mais apresentações?

Minha experiência com Chapeuzinho Escarlate foi muito boa, foi um espetáculo super desafiador não só pra mim, mas para as outras meninas também. A gente saiu muito da nossa zona de conforto. É muito diferente ser atriz e diretora. Quando você é atriz, você pode propor várias coisas mas não é você quem decide se aquilo vai ficar ou não, ou seja, você cede por estar trabalhando com outras pessoas, ainda mais essa peça que tem várias pessoas envolvidas que cederam um pouco para que o espetáculo pudesse chegar aonde chegou. Chapeuzinho um projeto que não acabou, a gente com certeza vai voltar. Nosso objetivo com o Coletivo Columna é que o nosso trabalho chegue a todas as pessoas. Chapeuzinho é um espetáculo muito feminino que trata as questões da mulher, sobre se tornar mulher e os conflitos internos, nossas próprias sombras. É um espetáculo que tem muito a pegada do nosso inconsciente. Não é um espetáculo lógico como Patético. A gente procura sempre crescer mais com cada apresentação e a gente quer muito ir para outras cidades e conhecer outras pessoas com Chapeuzinho Escarlate.

>>>> A peça está em cartaz nessa semana de sexta a domingo às 20h, na Casa Dos Quatro (708 norte). Os ingressos estão sendo vendidos na bilheteria do evento no valor de R$20 reais. Classificação livre.

por Marina Lima
Sob orientação do professor Luiz Claúdio

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