Produtores de HQs dizem que Brasília se tornou mercado atrativo

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A onda de sucessos de adaptações cinematográficas de quadrinhos em Hollywood causou um aumento da popularização do gênero através dos anos e o revitalizou. Entre os primeiros colocados das maiores bilheterias do cinema estão filmes baseados em história em quadrinhos  (HQs), como “Vingadores: Guerra Infinita” (2018) e “Pantera Negra” (2018). É natural que a venda dos quadrinhos acompanhem essa tendência: de acordo com uma pesquisa realizada em 2018 pela Comichron (site que traz estatísticas sobre o setor), houve um crescimento de 51% no faturamento do mercado norte-americano desde 2011 até 2016, enquanto em 2017 sofreu um declínio, indo de U$ 1.085 bilhões a U$ 1.015 bilhões.

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O Brasil também se beneficiou dessa onda mundial. A ascensão da cultura geek no país, graças a esse fenômeno, fez com que o interesse do consumidor nos quadrinhos aumentasse. Como resultado, a quantidade de eventos locais voltados para esse gênero “nerd” se multiplicou, e junto às mídias sociais, favoreceu a visibilidade de artistas e criadores de HQs nacionais. Brasília não é exceção: os quadrinistas da capital expõem e vendem os próprios trabalhos em convenções e no ambiente virtual.

O mercado menos competitivo de criadores independentes de HQs pode ser ideal para a entrada de novos quadrinistas talentosos. O artista Max Andrade (foto ao lado), nascido em Minas Gerais, morador de Brasília e autor da série de mangá Tools Challenge, diz que a produção de quadrinhos brasilienses é grande e variada: “Acredito que depois de São Paulo seja uma das maiores do país. Tem desde quadrinhos infantis até alternativos adultos. Basta ver a quantidade de feiras e eventos relacionados que existem na cidade”.

O artista afirma que dificuldades de trabalhar na área incluem a falta de lucratividade, a procura limitada a um nicho específico e a carência de ajuda para os diversos processos de produção que o obriga a fazer tudo sozinho. Essas atividades envolvem fazer a história em si, os desenhos, o fechamento de arquivo, pagamentos, distribuição, contato e divulgação.

O quadrinista brasiliense Tiago Palma, que fez parte da produção da coletânea de histórias em quadrinhos Delirium Tremens e Imaginários Vol. 5, afirma que dificilmente há alguém no cenário nacional de HQs que tem os quadrinhos como fonte de renda exclusiva, e que geralmente exercem alguma outra profissão como atividade principal. Max, por exemplo, consegue seu sustento através de diversas outras produções de ilustrações publicitárias.

Tiago Palma também destaca a importância do apoio governamental para a realização de projetos do artista e para a projeção dele no cenário nacional e internacional. Ele cita que a Secretaria de Cultura tem um programa chamado Conexão, que viabiliza o intercâmbio de artistas e produtores culturais para fora do país. “Então, você pode apresentar um projeto com os custos para participar de uma feira. Por exemplo, uma Comic Con fora do Brasil, uma feira de arte, feira mista de cinema e música”. O incentivo possibilita exposições, palestras, e financiamentos de projetos. No entanto, os dois quadrinistas contam que essa ajuda está ameaçada pelo governo, que planeja diminuir a verba destinada ao incentivo cultural.

Tanto Max como Tiago têm esperanças em relação ao futuro dos quadrinhos independentes de Brasília, mesmo que não possam mais contar com o governo. “Temos leitores fervorosos e alguns veículos de mídia independentes que estão sempre muito engajados em comprar, divulgar e aumentar o alcance dos trabalhos. Acredito que o melhor dos mundos seria o alcance da década de 1980, quando os quadrinhos brasileiros invadiam as bancas e chegavam a milhões de pessoas. Esse modelo já não funciona mais, mas acho que o alcance dessa época pode voltar, sim.”

Por Gabriel Nogueira

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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