Especial “Mulheres no DF”: trabalho em casa consome horas de lazer

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MULHER

Aos 52 anos, Arlete Pereira, mãe de um casal de filhos, trabalha oito horas todos os dias como faxineira em uma universidade, para sustentar sua família. Mesmo nessas condições, é ela quem cuida dos afazeres domésticos quando finalmente chega à sua casa depois do serviço.

A pesquisa intitulada “A inserção das mulheres no mercado de trabalho do Distrito Federal”, mostra que mulheres  na área de serviços trabalham, em média, 39 horas semanais. Uma hora a menos que as 40 trabalhadas por Dona Arlete.

Uma jornada de oito horas por dia é vivida por milhões de brasileiros em todo o país. O diferencial no caso das mulheres é o fato de que, além de trabalharem em seus empregos, elas chegam às suas casas e ainda precisam cuidar de seus lares e famílias.

Outra pesquisa, publicada pelo IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em 2012, mostra que mulheres em condição de ocupação, ou seja, aquelas que têm emprego, dedicam em média 22 horas semanais para afazeres domésticos.

Se essas mulheres conseguirem dormir oito horas por noite, trabalharem oito horas por dia e se dedicarem a afazeres durante quatro horas, sobram apenas outras quatro horas para que elas tenham algum descanso. Sem esquecer as horas que terão que gastar no transporte para ir e voltar do trabalho.

Márcia Alves da Silva é um desses exemplos. Quatro e meia da manhã, ela está de pé. Às seis horas, já chegou ao emprego. Ela é vendedora em uma lanchonete. Trabalha tranquila, com um sorriso no rosto. Diz que já se acostumou com a rotina louca. “Aquele cansaço que eu sentia no começo, eu já não sinto mais”. Márcia tem uma filhinha de três anos, e o marido só chega à noite em casa. Lazer pra ela? “Só no fim de semana.” Durante os dias úteis, não tem tempo para se divertir. E ainda gasta uma boa parte do pouco tempo que sobra, dentro de um ônibus, porque mora longe emprego.

 

O dia da mulher

 

O Dia Internacional da Mulher é comemorado em oito de março de cada ano.  A data, que só foi reconhecida pelas Nações Unidas em 1975, marca a luta pela igualdade de direitos entre homens e mulheres, que vem sendo travada desde o começo do século passado e se agravou com a exploração do trabalho feminino durante as duas grandes guerras.

Exemplos como o de Dona Arlete e Márcia servem para ilustrar como as mulheres, apesar de terem conquistado seu lugar no mercado de trabalho e algum respeito na sociedade, continuam tendo a obrigação de cuidar de casa e dos filhos e, consequentemente, acrescentando horas ao tempo que passam trabalhando todos os dias.

As desigualdades em tempo, respeito e salário ainda são notadamente gritantes. Até por isso, o tema oficial das Nações Unidas para o Dia Internacional das Mulheres neste ano de 2014 é “Igualdade para as mulheres é progresso para todos”.

Por Bruna Goularte

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