A autolesão ou a automutilação acontece quando uma pessoa machuca a si mesma, provocando dano ou ferimentos, mais ou menos graves, em parte(s) do seu corpo, sem a intenção de tirar a própria vida.
Segundo a OMS (2011), por ser um período de transição entre a infância e a vida adulta e envolver diversas mudanças físicas, emocionais, sociais, familiares, que exigem uma permanente adaptação, a adolescência é um momento onde o sujeito desenvolve, organiza e reorganiza sua identidade e, ao mesmo tempo, vivencia conflitos, adversidades e desafios com os quais nem sempre sabe lidar, tais como: baixa auto estima; dificuldade no enfrentamento de conflitos familiares; questões de identidade de gênero; perdas significativas; abusos sexuais e emocionais; bullying.
É nesse período de grandes mudanças e possíveis diferentes vulnerabilidades psíquica e sociais que esses indivíduos podem adotar comportamentos de riscos, entre os quais o de autolesão – uma maneira de regulação emocional – expressando e externalizando emoções intensas ou podem utilizar tal comportamento como uma maneira de comunicação sobre seu sofrimento físico e/ou psíquico no ambiente familiar, afetivo, acadêmico e sociocultural.
Para melhor lidar com a questão, o governo federal instituiu a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio (lei 13.819/19), a ser implementada pela União, em colaboração com os Estados, Municípios e Distrito Federal com o objetivo de, dentre outros, promover a saúde mental e o acesso à rede de atenção psicossocial (RAPS), prevenir a violência autoprovocada e informar e sensibilizar a sociedade sobre a importância e a relevância das lesões autoprovocadas como problemas de saúde pública passíveis de prevenção.
Outra medida adotada foi a criminalização da instigação, da indução ou do auxílio à automutilação (lei 13.968/19), alterando e ampliando a redação original do artigo 122 do Código Penal, que, antes, previa como crime apenas o auxílio, o induzimento e a instigação ao suicídio.
O uso da internet e de redes sociais para estimular essa prática, assim como a transmissão em tempo real da autolesão ou automutilação é considerado um delito muito grave, o que sujeita quem o fizer a uma pena maior.
O acolhimento da dor, o diálogo, o fortalecimento da rede de apoio e o acompanhamento psicossocial de adolescentes e jovens que adotam esses comportamentos é o melhor tratamento para a garantia e a recuperação da sua saúde física, mental e social!
Por Teresa Salim de Araújo
Referências
https://www.cvv.org.br/blog/entendendo-a-automutilacao/
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-21602017000200011