
Saber identificar os frutos e vegetais comestíveis típicos do bioma amazônico é importante para a sobrevivência na selva da região. De acordo com as instruções do curso do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) torna-se uma alternativa mais fácil para alimentação do que a caça, já que os animais da mata costumam ser acuados pela percepção da presença humana.
O tenente Lasnon, instrutor do CIGS, explica que o primeiro passo é identificar os alimentos que os animais consomem – a maior parte deles pode servir aos seres humanos. “O paladar é o segundo passo. Recomendamos que os alunos do curso coloquem um pedaço do alimento na língua por pelo menos cinco minutos para analisar as possíveis reações”, conta. Cozinhar os alimentos para descontaminação é outra etapa da sobrevivência na selva. No caso, é mais difícil acender o fogo – por causa da umidade da selva – do que realizar o cozimento. Por fim, a regra do C.A.L. é de extrema importância: alimentos Cabeludos, Amargos e Leitosos não devem ser ingeridos.
O tempo e o clima são o que definem a época de cultivo de um fruto, e conhecê-las garante uma vantagem na busca pelo alimento. Identificar o período de safra das frutas é mais um jeito de garantir a alimentação sem riscos, mesmo que até hoje tenham sido catalogadas mais de 300 mil espécies de frutas nas selvas brasileiras, o que dificulta este conhecimento.
“Encontrar palmeiras é estar salvo. Com as palmeiras é possível encontrar uma grande fonte de água, pois essa espécie vive próxima a reservas de água, como rios”, contou o tenente. Ele explica que além do cacho, que é inteiramente aproveitado, é possível fazer a retirada do palmito para a alimentação.
Função medicinal
O Exército Brasileiro está constantemente em operações na selva, o que faz com que esse ambiente se torne um aliado no caso de qualquer emergência. Muitas espécies de plantas são usadas para a produção de chás com efeitos inflamatórias e relaxantes, já que essa função medicinal dos chás é, inclusive, comprovada biologicamente.
Em situações de extrema pressão, o fator psicológico deve ser tratado com muito cuidado para garantir a lucidez total da vítima, e aumentar as chances de sobrevivência na selva. O tenente Lasnon explica que muitas vezes é mais importante que o cérebro receba o estimulo informando a digestão de algum alimento, através dos movimentos de mastigação, do que a real ingestão da comida, por exemplo.
Thaïs Martins e Karla Pereira – Agência de Notícias Ceub