Neste domingo (25), é celebrado o dia do dentista. Nessa data, em 1884, foi assinado o decreto 9.311, que criou os primeiros cursos de graduação de odontologia no Brasil. A profissão vive um momento de desafios, em razão da pandemia.
Os dentistas trabalham em uma zona de risco que pode facilitar a contaminação pelo coronavírus, pois esses profissionais lidam com a boca de pacientes e vias aéreas expostas. Assim, precisam tomar cuidados redobrados nesses tempos.
Segundo a cirurgiã-dentista Priscyla De La Rocque, que é especialista em implantodontia e periodontia, novos protocolos de atendimento tiveram que ser adotados.
No serviço público, a profissional diz que os dentistas também foram requisitados para compor e coordenar as equipes de enfrentamento da covid-19. Além disso, foi necessário conscientizar a população sobre a importância da higiene oral, a fim de evitar a proliferação de micro-organismos.

A profissional diz que ela e os colegas de profissão precisam estar sempre preparados para as diversidades. Necessitam estar abertos para se adequarem e oferecerem o melhor atendimento com segurança para o profissional e o paciente.
A profissional diz se orgulhar do trabalho que exerce porque “é uma profissão que interliga a ciência com a delicadeza de um artista. Um sorriso saudável, além de prover a saúde geral, colabora na autoestima. Uma boca saudável evita problemas cardiovasculares, diabetes descompensada, partos prematuros etc”.
Prevenção.
A dentista Mylene Monteiro, que é clínica geral e pós-graduada em odontologia hospitalar, reitera que, embora a imagem da saúde bucal esteja atrelada a tratamentos, as pessoas não podem se esquecer de que os profissionais prestam serviço para evitar outras doenças. “Precisamos trazer para a nossa cultura a parte de prevenção. Eu entendo que nossa formação está muito focada nisso. Prevenir doenças é muito mais fácil, simples e barato do que um tratamento em si”.
“Os dentistas participam de algumas equipes multidisciplinares, por exemplo, em hospitais. A boca não é uma coisa separada do corpo. O sangue que passa na boca, passa no corpo todo. Se a pessoa tiver uma infecção na boca, a chance dessa infecção se proliferar e migrar para outro local ou se tornar sistêmica é muito grande. Então, o profissional dentista é muito importante em hospitais”, completa a dentista Mylene.
Um dos maiores desafios durante a pandemia, segundo a profissional, foi com relação ao número de atendimentos. “No auge da pandemia, foi necessário parar os atendimentos porque ainda estávamos no processo de adequação, de estudo para saber o que estava por vir. Mas, assim que conseguimos retomar os atendimentos, o número de pacientes não diminuiu e eles continuaram buscando os tratamentos”. Ela explica que foi preciso adaptar a agenda, os protocolos de higienização entre um paciente e outro.
“Estávamos acostumados a atender um número de pacientes por período e foi preciso reduzir essa quantidade, para que conseguíssemos fazer uma higienização adequada e evitar encontros em recepção”, diz.
Ela explica que não foi tão desafiador adaptar o trabalho na pandemia porque, desde a época da faculdade, aprendeu sobre biossegurança, o que inclui a própria segurança e a do paciente também.
“Com relação a isso, não tivemos tanto trabalho extra na pandemia. Acabamos adaptando algumas coisas, mas não era muito diferente do que já estávamos acostumados a fazer. Sempre usamos os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) necessários, como máscaras e óculos de proteção”.
Porém, alguns procedimentos eletivos precisaram ser adiados porque não eram urgentes e envolviam algum tipo de risco.
“Eram de risco porque precisávamos usar aerossol, que é um dos meios de contaminação, de propagação viral. Então, foi complicado o processo de adaptação até conseguirmos identificar quais eram os tipos de procedimento que precisávamos e podíamos adiar e os que não. Os que não podíamos adiar, precisamos manter a segurança do paciente, nossa também e de toda equipe que nos auxilia”, afirma a dentista.
Profissão dentista
De acordo com consulta inédita feita pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) com mais de 40 mil cirurgiões-dentistas no país, 82% deles continuam exercendo a profissão no período de pandemia, com cuidados de biossegurança recomendados pela entidade.
Desses, 72% mantiveram o trabalho com as restrições exigidas, como o horário de atendimento, menor número de auxiliares, urgências e emergências. Dos entrevistados, 10% afirmam ter continuado trabalhando sem qualquer restrição e 18% interromperam os trabalhos nesse período.
Por Bruna Rossi
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira