Time do Cerrado de basquete busca espaço no feminino

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Hoje, o bicampeão do Campeonato Feminino, organizado pela Federação de Basquetebol do Distrito Federal (FBDF), o Cerrado segue em ascensão, de acordo com o diretor presidente do time, Dimitri Rodrigues, e duas jogadoras do elenco atual, Carolina Rodrigues e Geovana Souza. Para elas, entre altos e baixos, o basquete feminino parece ter encontrado uma nova oportunidade para criar de vez raízes na capital.

Arte: Gabriella Tomaz

O time nasceu em 2016. O Cerrado Basquete tem também finalidade social. Essas intenções já podem ser notadas se tornando realidade. Geovana, 23, é ala/armadora e joga basquete desde os 10, e foi convocada para seleções de base do DF aos 12.

Ela comenta que, graças ao basquete, teve a oportunidade de estudar em escolas particulares com apoio da equipe. “O esporte já me proporcionou inúmeras coisas, como viagens e bolsas de estudos, inclusive minha bolsa de estudos para fora do Brasil, aos 18 anos”, disse.

Fotos: Arquivo pessoal Geovana Souza

Carolina Rodrigues, 23, é ala do Cerrado Basquete e, assim como Geovana, também ganhou oportunidades de estudar em colégios de Brasília. A atleta, antes de jogar pelo seu atual time, fazia parte da equipe do CEUB cujas atividades encerraram em 2017.

Ela achava que não teria mais a chance de voltar para as quadras. Esse cenário mudou após o Cerrado acolher as meninas, já que o mesmo possui uma equipe feminina desde 2016.

“Quando você conhece o projeto do Cerrado ele te deixa encantada, e te faz pensar no quão incrível é. Eles te acolhem de um jeito que não tem nem como explicar. Fomos para o Cerrado, começamos a jogar, e, devido às conquistas que tivemos, conseguimos validar uma bolsa de estudos no IESB na modalidade bolsa-atleta, que é oferecida pela instituição e não possui vínculo com a equipe. Hoje a faculdade oferece bolsas de até 100% para quem estuda educação física e 50% para quem estuda outros cursos. Então, por causa do esporte a gente é capaz de estudar, fazer uma faculdade”..

Fotos: reprodução arquivo pessoal Carolina Rodrigues

Apesar do estímulo por parte da equipe do Cerrado, o basquete feminino ainda enfrenta muitos obstáculos, como patrocínio e a luta por uma maior visibilidade e reconhecimento no cenário nacional. Sobre esse assunto, o diretor presidente co-fundador do time afirma que, na verdade, existe pouca cobertura por parte das mídias para todos os esportes femininos, não apenas no basquete.

“Entendo que isso ocorra muito pela construção de uma sociedade machista, que sempre ensinou que o lugar das mulheres era dentro de casa para cuidar do lar e dos filhos, enquanto os homens ‘ganhavam’ o mundo. As mulheres ao longo dos anos vem buscando e conquistando seus espaços, porém ainda existe muita diferença para o esporte masculino, e isso deverá ser combatido diariamente por todos nós”, explicou Dimitri Rodrigues.

Para Geovana, o basquete feminino, assim como todas as outras modalidades, não recebe o mesmo apoio que os esportes masculinos, o que dificulta na qualidade dos treinos, no investimento em uma equipe técnica de qualidade, e acaba impactando todo o resto, pois, além de não receber divulgação, não atrai o público e consequentemente não converte os possíveis patrocinadores que tanto poderiam ajudar esse meio.

Uma forma sugerida por Dimitri Rodrigues, para contornar esse cenário, seria impor que todas as equipes que disputam o NBB tivessem uma equipe feminina disputando a Liga de Basquete Feminino, a LBF. Outra opção seria implementar leis de incentivos fiscais diferenciados às empresas que patrocinam modalidades esportivas femininas.

Apesar de todas as dificuldades, o time busca capacitação para as jogadoras, com preparamento físico, treinos e competições, mas não descarta uma possível tentativa de participação na principal liga de basquete feminino, a LBF. “Temos interesse sim em ingressar na liga, mas precisamos de mais viabilidade financeira para bancarmos essa iniciativa”.

Por Bernardo Guerra e Gabriella Tomaz

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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