
Transformar as próprias roupas e de uma peça original criar e customizar um novo produto. Quem adota essa prática de costura pode até não saber o nome da técnica, mas se trata de um movimento chamado upcycling que existe desde 1994. A possibilidade de transformar uma roupa em outra completamente diferente, original e exclusiva é uma das principais propostas do upcycling. Além disso, a técnica traz a proposta de um consumo consciente e benefícios ao meio ambiente, já que se utiliza peças já existentes para confeccionar novas roupas.
Há 10 anos a advogada Gisele Barrozo decidiu virar empresária da área da moda. Atualmente ela se dedica ao próprio ateliê, chama-se Las Costureras, e é uma entusiasta do movimento upcycling. Gisele tem feito trabalhos e estudos na área da sustentabilidade e finalizará o curso superior em moda no primeiro semestre de 2021. O ateliê fica na Q11 do Lago Sul e tem como principal fundamento o consumo consciente e sustentável.
Para Gizele, pensar em moda requer duas preocupações principais: o impacto que a produção causa no meio ambiente e a reflexão de quem faz as suas roupas. “E é nessa vertente que trabalhamos. Tentar sempre dar uma sobrevida aquela roupa que você pode achar que não serve mais e valorizar os profissionais de moda e as costureiras que trabalham na nossa equipe,” afirma.
Mas a fundadora do ateliê conta que a técnica do upcycling na produção acaba sendo um desafio. “O upcycling é muito mais complexo do que fazer uma peça do zero, pois envolve habilidades variadas e é consideravelmente mais complexo criar uma peça de roupa a partir de uma outra já existente,” finaliza.
Impacto no meio ambiente
A técnica tem atraído cada vez mais pessoas por minimizar os danos causados pelo descarte incorreto do que se é consumido. A professora de biologia e mestre em bioquímica Fernanda Jacob é uma praticante do upcycling e conta que a prática a ajudou a reduzir o volume de lixo: “Diminuir a quantidade de lixo sempre foi uma obsessão para mim. Me incomodo demais com isso. Também reduziu o consumo e acabei descobrindo que era um consumo inútil, às vezes nós achamos feio reutilizar, mas é só questão de costume.”
Essa técnica traz também impactos no meio ambiente, já que diminui a poluição do ar, da água e também a emissão dos gases que geram o aquecimento global. A professora também chama a atenção para a redução do consumo e a menor quantidade no ambiente de materiais que poderiam ser reutilizados.
O upcycling também mudou a forma de consumo da publicitária Marina Fernandes, 20 anos. Agora ela consegue rever a importância dos objetos antes de fazer uma compra. “Antes comprava por impulso e acabava nem usando o que comprei, destinando para doação, sem peso na consciência de que aquilo poderia virar lixo.”
Agora, utilizando a técnica, ela consegue repensar antes de descartar uma peça de roupa e também imaginar em como pode transformar em outra peça mais útil. A publicitária conta que dá preferência a lojas que já fazem esse processo de upcycling para criar os próprios produtos e assim gastar menos dinheiro com o que não precisa.
“Upcycling para mim é ser responsável pelo que eu tenho. É pensar que não existe jogar fora, porque fora é o nosso planeta, nosso meio ambiente. Uma coisa não pode ser descartada sem uma segunda chance de ser útil novamente. E é responsabilidade de quem comprou o produto pensar em novas formas de uso para ele,” ressalta.
Por Alice Anchieta, Nayara Rezende e Maria Luíza Souza
Sob supervisão de Isa Stacciarini