Comerciantes enxergam na crise causada pela pandemia oportunidade de começar o próprio negócio

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Oswaldo Scafuto à esquerda com o chef Divino Barbosa. Foto: assessoria da rede de restaurantes Santé

Na contramão da crise do coronavírus, e em meio ao fechamento de lojas, alguns empreendedores decidiram começar o próprio negócio em um momento de dificuldade para o comércio. Enquanto dados da Boa Vista SCPC mostram que os pedidos de falência aumentaram em mais de 34% no primeiro semestre deste ano, outros viram a crise como uma oportunidade de começar a empreender. De acordo com o Ministério da Economia, mais de 780 mil empresas abriram entre março e setembro deste ano, apesar da crise financeira gerada pela pandemia.

É o caso de Oswaldo Scafuto, de 40 anos, que inaugurou uma loja do restaurante Santé no Lago Sul. Ele tinha uma outra casa especializada em comida japonesa no mesmo lugar que fechou as portas durante o período do isolamento social. Scafuto pensava em investir no Nikkei, mas acabou usando o dinheiro para transformar o restaurante de comida japonesa em uma nova unidade da rede Santé. “A pandemia mudou o perfil do público que frequentava. Só casais passaram a ir ao local, o que reduziu a rentabilidade do restaurante, além da redução da capacidade. Tive que repensar e pesquisar o retorno que a casa daria, e concluímos que o negócio não era seguro. Então decidimos abrir um novo Santé no lugar do Nikkei, que já era uma marca consolidada e tinha uma segurança operacional e de produção melhores. O mais desafiador é que a procura pelo Santé era de apenas 30% em relação a do Nikkei.”

Scafuto disse que a reforma do espaço teve um custo elevado, portanto o restaurante abriu com apenas uma pequena reserva de dinheiro na conta do próprio empresário, além da matéria prima vinda completamente do Santé 13, da Asa Norte. Hoje, a unidade já garantiu a estabilidade financeira para se manter em funcionamento. Para isso, a estratégia utilizada foi garantir o bom retorno nas redes sociais. ”Entramos em contato com os clientes mais fiéis e fizemos o convite para conhecer o novo restaurante, além de testar as normas de segurança que implantamos e divulgamos nas redes sociais. Tivemos uma boa resposta em cima disso.”

Para Scafuto, nesse momento de pandemia gerar o mínimo de capital de giro é mais importante do que o lucro para garantir a própria sobrevivência e a continuidade dos negócios.

Outras iniciativas

 Maria Santos também abriu um negócio no período de pandemia. A necessidade financeira a levou abrir uma nova unidade de sua rede de restaurantes, mesmo com todas as dificuldades deste período. A nova unidade do restaurante D’Vilela Bistrô está funcionando mesmo abaixo das expectativas da gerente. “Além de estar com poucos funcionários, está sendo o período mais difícil de contratação, as pessoas se acomodam com o pouco que ganham do governo e não querem ter carteira registrada.”

 Durante o distanciamento social, os protocolos de segurança devem ser seguidos por restaurantes e bares. Por isso, para Maria, mostrar que o ambiente está seguro, é um dos fatores importantes para atrair pessoas no restaurante.

Novas possibilidades

Apesar do momento vivido e de todas as dificuldades trazidas pela pandemia e seus reflexos, é preciso ter consciência de que “crise também é oportunidade”. A economista Débora Catarina Medeiros Leite economista esclarece que por causa da grave crise econômica sofrida pelo país, diversos comportamentos sociais mudaram e isso também afetou o ambiente dos negócios.

“A possibilidade de investimento pelo E-commerce (comércio online) fez com que muitos fossem capazes de sofrer menos com custos operacionais, cenário que trouxe grande facilidade para abertura de novos negócios por muitos, e que de fato fez com que o número de novos negócios no período de pandemia crescesse”, explicou.

Como milhões de brasileiros sofrem por falta de dinheiro neste momento incerto, a realidade de ter de enfrentar uma demissão, ou baixo retorno financeiro no trabalho, fez com que somados à necessidade crescente de fazer dinheiro, muitos fossem atrás de iniciativas no comércio, para que assim pudessem investir.

Por Beatriz Suwwan, Gabriel Botelho e Vinícius Pinelli

Sob supervisão de Isa Stacciarini

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