Os blocos planejados por Lúcio Costa, na Asa Sul e na Norte, marcaram a infância de Adriana Nunes. Era nesse cenário que ela fazia questão de se divertir quando criança. “Foi uma infância muito livre. A gente podia ficar na rua, brincar embaixo dos blocos…”. Ao se recordar dos lugares de Brasília que passou e morou, recorda que a mãe se mudava muito: 410, 708 e 710 Norte e as 114, 306, 314 e 713 Sul foram as quadras trazem fortes lembranças de quando era pequena. Tantos percursos não se comparam à quantidade de cidades que Adriana percorreu com seus grupos de teatro, e também em espetáculos solos, ao longo de 36 anos de carreira.
Ela começou a escrever sua história no teatro, ali, na 906 Sul. Logo em seguida, veio o musical da Arca de Noé, um espetáculo de tragédia e, depois, uma produção amadora atrás da outra.
Hoje, a atriz Adriana Nunes tem 51 anos e se lembra, em detalhes, da primeira vez que subiu em um palco e extravasou o talento e a paixão que já existiam nela. A primeira experiência foi, curiosamente, em uma apresentação de final de ano, em um grupo de Igreja — que existe até hoje —, conhecido como Movimento Eureka de Brasília. À época, tinha apenas nove anos de idade. Já tinha coragem. No ano anterior, ela havia assistido à peça de teatro que iria dar o pontapé inicial de toda a carreira de atriz, O Natal de esquina. Já em 1978, coincidentemente, o mesmo em que a outra garotinha deixou os palcos, Adriana se ofereceu a substituí-la. “Eu quero fazer aquilo, o que essa menina fez”, disse, na ocasião.
Adriana precisou estar em diferentes empregos (como estagiária de biblioteca, além de serviços em lojas de aluguel de carros e festas) para poder sustentar cada viagem. Desde os 16 anos de idade, ela trabalha para viabilizar o próprio sonho.
(Além dos palcos, Adriana tem outras atividades, como ilustradora. Foto: Nicolau Emoor/ Os Melhores do Mundo/Divulgação)
Por Adna Fernandes
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira