Gamers mulheres relatam assédio

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A presença das mulheres nos games está crescendo e tem como um dos principais objetivos superar a misoginia que existe dentro deste mundo. De acordo com um estudo realizado pela Pesquisa Game Brasil (PGB), em 2020, o público feminino representa 53,8% dos consumidores de jogos no Brasil. Além disso, 69,8% das mulheres são ativas nesse mercado. Para elas, sofrer com palavras de cunho sexual é comum no dia a dia para as representantes do mercado feminino de jogos eletrônicos

Marina sendo ofendida e assediada com palavras de cunho sexual. Foto: arquivo pessoal

Mesmo com as dificuldades, a ideia ter renda ou lazer através de jogos é algo que começa a fazer parte da vida de algumas mulheres no Distrito Federal e em todo Brasil, exemplo disso é a streamer de LOL e entretenimento Marina Freire, de 21 anos, que faz lives na Twitch com o intuito de divertir quem a assiste.

 

Marina em uma das lives que transmite. Foto: Twitch.tv

E mesmo fazendo lives apenas para se divertir, Marina já vivenciou situações de preconceito e assédio durante as streams, como da vez que estava jogando LOL e os adversários começaram a importuná-la. “Infelizmente já sofri assédio no LOL, você consegue conversar com todos os participantes do jogo, na teoria a ideia seria ótima porque esse tipo de comunicação facilitaria bastante a decidir jogadas, mas abre espaço para que as pessoas falem o que quiserem, sem filtro algum. Por ter um nick de menina, com o meu nome, é fácil saber que sou mulher, e isso, às vezes, me leva a ler comentários machistas, como se eu não pudesse estar ali, ou jogasse pior que um homem. Isso estraga as minhas partidas. é muito ruim se sentir desrespeitada e continuar tendo vontade de jogar. Isso acaba gerando um sentimento de injustiça”, relata Marina.

 

Marina sendo ofendida e assediada com palavras de cunho sexual. Foto: arquivo pessoal

Situações assim não acontecem apenas nas lives da Marina, outra mulher que passou por momentos desagradáveis relacionados a isso é a streamer de Valorant e LoL Stephanie Silva, de 24 anos, que é conhecida como Stephh e busca conquistar espaço. “É extremamente comum associarem a derrota de uma partida com a presença feminina no time”, conta a gamer.

Além disso, Stephh comentou que incontáveis vezes leu comentários maldosos durante os jogos, como por exemplo “lugar de mulher é na cozinha”, “você joga bem demais para uma mulher” ou até mesmo já se viu sofrendo assédio e sendo ameaçada de morte. Stephanie diz que é por conta de momentos assim que muitas mulheres preferem utilizar nomes masculinos nos jogos e evitam se comunicar ao longo das partidas.

 

Stephh jogando Valorant. Foto: Twitch.tv

Mais um exemplo de mulher que sofreu no mundo dos jogos é a universitária Raquel Ferreira, de 20 anos, que achou no Valorant, um jogo online, uma forma de deixar a pandemia da covid-19 mais leve, mas isso não a impediu de sofrer assédio. “Esse dia eu estava jogando sozinha, falei no chat de voz, e várias vezes havia deixado de falar por medo do que poderiam fazer, nessa situação um homem falou bem assim ‘se a Sage (personagem do jogo) matar ela vai mandar um nude pra gente’. Isso doeu muito em mim”, explica Raquel.
A ideia preconceituosa de que apenas homens estão presentes nos jogos teve início no começo dos anos 90, quando a Nintendo buscava fugir da crise no mercado de jogos e apostou em uma campanha de marketing que priorizava o público jovem e masculino.
A luta das mulheres para conquistar espaço no mercado de jogos existe, mas ainda há pouco protagonismo no cenário no meio. Sasha Hostyn, por exemplo, conhecida nas competições como Scarlett, é a mulher mais bem paga do mundo dos e-sports e ainda assim ocupa apenas a posição de número 347 quando se trata de ambos os sexos.

Por Mateus Arantes e Renato Queiroz
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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