A ex-ministra das Famílias, das Crianças e dos Direitos das Mulheres da França, Laurance Rossignol (PS) e a deputada de Aveyron desde 2017, Anne Blanc (LREM), foram convidadas para compor o painel francês em uma roda de conversa alusiva ao Mês das Mulheres.
Laurance Rossignol afirma que pandemia foi prejudicial à mulher: “vimos a violência conjugal aumentar e vimos também as mulheres falando mais sobre isso”, conta. “Vimos também os vizinhos, a polícia, vimos uma vigilância da sociedade mais atenta em relação à violência contra a mulher”. A ex-ministra também pontuou a dificuldade das mulheres em equilibrar os cuidados domésticos, da família e do trabalho durante o isolamento. “Foi um período onde ficou mais evidente a desigualdade da condição da mulher”, completa Laurance.
A deputada francesa Anne Blanc criticou a falta de engajamento político em seu país. “Esse trabalho é muito pesado. É muito difícil as mulheres se engajarem em cargos locais aqui na França”, destacou.
“Nós vemos que as mulheres eleitas não ocupam os cargos mais importantes. O número de prefeitas aumentou, mas em cidades de pequenas populações. Existe muito trabalho ainda pela frente”.
Para Blanc, a maior responsabilidade que a sociedade impõe às mães em relação à criação de seus filhos contribui para o estigma da falta capacitação das mulheres na carreira política: “claro que as mulheres estão engajadas nas responsabilidades familiares e profissionais, mas o que eu vivi pessoalmente, foi a culpabilidade sobre deixar um pouco de lado as responsabilidades de mãe. Primeiro perguntam à mulher se ela é competente, se ela é legítima e os nossos colegas homens muito raramente são questionados da sua capacidade”, desabafa.
Anne também conta dos ataques que sofreu por ser mãe e deputada ao mesmo tempo. “Quando eu me engajei no meu primeiro mandato, eu tinha quatro crianças e eu era muito jovem”. A deputada ainda conta como as críticas a abalaram: “eu sofri muitas críticas, de mulheres até”, relembra. Anne relata quando se cansou dos julgamentos e se pronunciou: “eu estava totalmente ferida e perturbada por essas reflexões, até que eu fiz a seguinte declaração na imprensa: ‘meu marido tem quatro crianças, ele também tem uma profissão que pede muito dele, mas ninguém diz a ele que ele tem quatro crianças e não pode trabalhar’, relembra.
Assista ao webinário com tradução simultânea para português no canal da Embaixada da França no Brasil (https://youtu.be/tegBJQhugek) ou, se preferir, pode também assistir o evento sem tradução no canal da Aliança Francesa de Brasília (https://youtu.be/YPL4IowpS70).
Por Ana Luiza Duarte
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira