Apesar da existência do zoológico ser tratada ainda com polêmica, em vista de os animais estarem fora de seu habitat natural, o espaço tem como principal objetivo garantir a existência de animais, vítimas de extinção, para que eles não sumam completamente.
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A Fundação Jardim Zoológico de Brasília abriga 40 animais que estão sendo ameaçados de extinção. Entre eles, estão os mais conhecidos: lobo-guará, arara azul, girafa, cervo do Pantanal, hipopótamo, mico-leão, onça pintada e parda, ariranha e anta.
Ivan Mattos/Zoológico de Brasília
Confira a lista de animais em extinção divulgada pela Assessoria do Zoo, e que estão sendo abrigados pela instituição:
Diretoria de Aves:
Ara glaucogularis- Arara-boliviana
Pyrrhura pfrimeri- Tiriba-de-Pfrimer
Ara rubrogenys- Arara-de-testa-vermelha
Anodorhynchus hyacinthinus- Arara-azul-grande
Sporophila maximiliani- Bicudo
Harpia harpyja- Harpia
Aburria jacutinga- Jacutinga
Amazona vinacea- Papagaio-do-peito-roxo
Amazona rhodocorytha- Papagaio-chauá
Guaruba guarouba- Ararajuba
Branta sandvicensis- Ganso-havaiano
Amazona brasiliensis- Papagaio-da-cara-roxa
Penelope ochrogaster- Jacu-de-barriga-castana
Diretoria de Répteis, anfíbios e artrópodes:
Ambystoma mexicanum – Axolote
Diretoria de Mamíferos:
Addax nasomaculatus – Adax
Alouatta belzebul – Bugio de mãos ruivas
Ateles chamek – Macaco aranha de cara preta
Ateles paniscus – Macaco aranha de cara vermelha
Ateles marginatus – Macaco aranha de testa branca
Blastocerus dichotomus – Cervo do Pantanal
Chrysocyon brachyurus – Lobo guará
Giraffa camelopardalis – Girafa
Hippopotamus amphibius – Hipopótamo
Lagothrix cana – Macaco barrigudo
Leontopithecus chrysomelas – Mico leão de cara dourada
Leopardus colocolo – Gato palheiro
Leopardus tigrinus – Gato do mato pequeno
Loxodonta africana – Elefante africano
Lycalopex vetulus – Raposa do campo
Myrmecophaga tridactyla – Tamanduá bandeira
Panthera onca – Onça pintada
Pteronura brasiliensis – Ariranha
Puma concolor – Onça parda
Puma yagouaroundi – Jaguarundi
Saguinus bicolor – Sauim de coleira
Saguinus niger – Sagui una
Speothos venaticus –
Cachorro vinagre
Tapirus terrestres – Anta
Tolypeutes tricinctus – Tatu bola da caatinga
Tremarctos ornatos – Urso de óculos
De acordo com o biólogo Igor Morais, que é gerente de projetos educacionais do Zoológico de Brasília, quando uma espécie desaparece por completo, é provável ter uma extinção em massa de 50% de todas as espécies porque elas estão ligadas e dependentes uma das outras.
“O impacto desses animais chega a atingir a vida do ser humano, que também faz parte dessa teia de vida”.
“Hoje, 82% dos alimentos que consumimos dependem de polinizadores, como abelhas, borboletas, aves e morcegos, para se desenvolverem. Se perdermos esses polinizadores, perderemos também esses alimentos. Isso é o que nós chamamos de ‘serviços ambientais’ e além da polinização, existe também a água, ar, ciclagem de nutrientes no solo”.
Ele explica que um estudo financiado pelo Banco Mundial sugere que, caso percamos a biodiversidade, seriam necessários 33 trilhões de dólares para substituir tais serviços. Para se ter uma ideia do problema, o PIB mundial atual está em cerca de 15 trilhões de dólares. Ou seja, este PIB teria de dobrar com a perda da biodiversidade.
Além disso, o profissional revela que a espécie humana é apontada como a causadora do “sexto evento de extinção em massa do planeta”. Dentre as atividades praticadas pelo ser humano, cinco delas estão ocasionando essa perda massiva de biodiversidade:
- Destruição dos habitats
- Introdução de espécies exóticas
- Poluição
- Crescimento desordenado da população
- Caça ou coleta excessiva
Zoológico como símbolo de conservação
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Os animais que chegam ao Zoo de Brasília, geralmente, são resgatados e trazidos por órgãos ambientais do DF e do Entorno, ou por algum Programa de Conservação.
O especialista explica que aqueles que estiverem em situação maior de extinção participam desses programas em cativeiro, tanto nacionais como internacionais. Após avaliação veterinária, se forem considerados independentes e saudáveis, eles devem ser reintroduzidos na natureza.
Segundo Luísa Helena Rocha, superintendente de conservação e pesquisa do Zoológico de Brasília, esses programas visam a “reproduzir populações genéticas e demograficamente viáveis em cativeiro para que seja possível subsidiar com indivíduos dentro dos programas de reintrodução na natureza”.
Além disso, a Fundação de Brasília busca atuar na recuperação de animais, para que os órgãos responsáveis façam a reintrodução. E caso seja oportuno, ou até mesmo, quando solicitado, a instituição pode acompanhar as solturas dos animais por estes órgãos.
A superintendente acrescenta que o Zoo acaba se tornando uma “ferramenta de conservação”, desempenhando um espectro que também envolve universidades, pesquisadores, órgãos nacionais e internacionais, tanto públicos quanto privados. A partir desses agentes se torna possível um maior e melhor funcionamento da conservação das espécies.
Cerrado e a perda de espécies na construção de Brasília
Igor Morais esclarece que o Cerrado é um dos biomas mais ameaçados do mundo e 50% de sua cobertura original já foi perdida devido às atividades agropecuárias e crescimento desordenado das cidades.
Uma outra ameaça é a mudança climática que está gerando estações secas mais rigorosas e, com isso, queimadas mais intensas. Isso, juntamente com a fragmentação do habitat, traz grande pressão para espécies ameaçadas como o lobo-guará e o tamanduá-bandeira. O período da estiagem é também a época reprodutiva desses animais e, a cada ano, o Zoológico de Brasília recebe vários filhotes órfãos que perderam as mães para as queimadas ou atropelamentos.
Quando ocorre a construção de alguma cidade ou meio urbano em uma área antes rural, consequentemente afeta a fauna daquela região. Alguns animais migram para outros lugares, outros, que devido a inadaptabilidade, acabam por falecer, e o pior é chegar a inexistir mais na região.
“Existem duas espécies icônicas no DF que representam bem o impacto que a construção de Brasília causou. A primeira é o pirá-Brasília (Simpsonichthys boitonei), um pequeno peixe que só existe aqui na região e está ameaçado de extinção. A espécie só existe hoje em 3 locais, e por se tratar de um peixe que vive em córregos, foi bastante impactado com a criação do Lago Paranoá. A segunda espécie é o rato-candango (Juscelinomys candango), que foi descrito pela primeira vez durante a construção do Zoológico de Brasília. Esse pequeno roedor não é visto desde 1960 e a espécie é conhecida por apenas 3 indivíduos taxidermizados e depositados hoje no Museu Nacional do Rio de Janeiro”, explica o biólogo e gerente de projetos educacionais do Zoológico de Brasília.
Por Paloma Castro
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira