Meu coração, não sei por quê…
Bate feliz quando te vê…
E os meus olhos ficam sorrindo…
E pelas ruas vão te seguindo…
Mas, mesmo assim, foges de mim
O legado de Pixinguinha, músico que nasceu há 124 anos e que morreu em 1973, está no coração brasileiro em versos antológicos de amor, como em Carinhoso (de 1936), ou em Rosa (Tu és divina e graciosa/ Estátua majestosa do amor/ Por Deus esculturada (…)”. Com mais de mil músicas em seu repertório, o artista de choro se tornou uma grande influência da cultura negra na formação da identidade brasileira. Em evento realizado nesta semana em Brasília, de celebração das raízes africanas no Brasil, a trajetória do artista foi revisitada.
Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha, foi um carioca compositor, instrumentista, arranjador e maestro do século XX. O artista é lembrado por sua simpatia, simplicidade e talento extraordinário.
Reprodução: Site oficial do Pixinguinha (https://pixinguinha.com.br/)
A conversa contou com a mediação de Tião Rodrigues, músico renomado, e outros nomes da música popular como Henrique Araújo, Carlos Malta e Nilze Carvalho.
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(Artistas tratam do legado de Pixinguinha
Durante a palestra, os convidados relembraram a história de Pixinguinha e as formas que ele auxiliou na militância da cultura negra e, consequentemente, nos moldes da MPB. O artista enfrentou diversos episódios de racismo durante sua carreira, mas ainda assim, mostrou ao mundo seu talento, com a ascensão e deixou um grande legado.
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“Em um país onde temos vivos hoje Gilberto Gil, Jorge Ben Jor e Martinho da Vila, vemos uma energia colocada para dominar o mundo com uma outra força: de inclusão, abraço e pertencimento. É dessa herança que falamos.”, disse Carlos Malta.
Carlos reconhece, ainda, que é possível enxergar essa mensagem no rap nacional contemporâneo:“Emicida um dia disse que o dia mais importante para ele é o aniversário do Pixinguinha. Segundo ele, no dia em que Pixinguinha nasceu, o Brasil se tornou possível.”, declarou.
O músico completou enfatizando que o cantor Emicida também é fruto dessa grande “árvore genealógica” que tem Pixinguinha como inspiração e fonte inesgotável de pesquisa para a música
Choro e inclusão
Em 2017, São Paulo inaugurou sua primeira Escola de Choro em homenagem a Pixinguinha. Segundo o palestrante Henrique Araújo, a intenção foi usar a linguagem do choro como inclusão social e privilegiar o público que não tem acesso ao universo da música.
Atualmente, a escola possui mais de 300 alunos, em turmas direcionadas a diversos instrumentos relacionados ao choro. As aulas estão no modelo remoto, devido a pandemia da Covid-19.
Os palestrantes concordaram, ainda, que as raízes da MPB expressam a herança africana na medida em que a África exprime o coletivo. Concluiram que a inclusão está diretamente associada à herança cultural, é dessa forma que ela se manifesta.
Esse evento foi organizado pelo Centro de Inovação e Estudos Sociais do CEUB e patrocinado pela Prefeitura do Rio de Janeiro e pelo Instituto Cultural Steve Biko.
Pixinguinha na história
Alfredo da Rocha Viana Filho, conhecido como Pixinguinha, foi um compositor, instrumentista, arranjador e maestro carioca do século XX. O artista é lembrado por sua simpatia, simplicidade e talento extraordinário.
Trajetória
1908 – Compôs sua primeira música aos 11 anos: o choro Lata de Leite. Desde então, começou a tocar profissionalmente e assumiu sua primeira orquestra aos 15 anos de idade.
1919 – Aos 22 anos, fazia parte do grupo musical Oito Batutas, primeiro grupo musical brasileiro a ir para o exterior, apresentando sucessos em Paris e Buenos Aires. Também participaram da primeira transmissão de rádio feita no Brasil.
1936 – Compôs a música “Carinhoso”, clássico da MPB.
1940 – Por dificuldades financeiras, trocou sua flauta por um saxofone. Junto com o flautista Benedito Lacerda, compuseram 34 discos.
1961 – Vinícius de Moraes colocou letra nas músicas: Lamento, Samba fúnebre e Mundo Melhor.
1973 – Pixinguinha faleceu aos 75 anos de idade em Ipanema
Mesmo depois de 48 anos de seu falecimento, Pixinguinha ainda revela novas facetas no choro e na música formal. Até hoje suas partituras antigas são descobertas e estudadas por músicos especializados, desbravando seu grande acervo.
Atualmente, a escola conta com mais de 300 alunos em turmas de diversos instrumentos relacionados ao choro. As aulas estão funcionando no modelo remoto devido a pandemia da Covid-19.
Os palestrantes concordaram, ainda, que as raízes da MPB expressam a herança africana na medida em que a África exprime o coletivo. A inclusão tem muito a ver com a herança cultural e é dessa forma que ela se manifesta, concluíram.
O evento foi organizado pelo Centro de Inovação e Estudos Sociais do CEUB e patrocinado pela Prefeitura do Rio de Janeiro e pelo Instituto Cultural Steve Biko.
Por Ana Carolina Pessoa
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira