Transmissão em TV aberta, audiência em crescimento e mais interesse do público não têm feito o futebol feminino chegar ainda ao patamar de reconhecimento que a modalidade espera. No Distrito Federal, falta de investimento, e da infraestrutura implicam em dificuldade do desenvolvimento dos times locais. O Minas, o Cresspom e o Real Brasília se destacam na modalidade.
Singo Santos, técnico do Legião feminino, afirma que os maiores desafios que impedem o desenvolvimento do futebol feminino no DF têm relação com a estrutura financeira. “Elas têm o desafio de buscarem parceiros ou até mesmo alguns dirigentes de escola. Tiram do próprio bolso para custear um campeonato, uniformes, esse é um dos grandes desafios que ainda envolvem o futebol feminino no DF hoje”, afirma o treinador.
“É complicado”
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“O investimento é pouco, quase nada. Geralmente as equipes femininas daqui de Brasília seguem como podem, com exceção dos times que possuem uma tradição, que é o caso do Cresspom, Minas e o Real Brasília que são clubes profissionais, que possuem recursos. Já as outras não possuem o mesmo incentivo, o estado não fomenta o futebol feminino aqui no DF e muito menos financeiramente. Então é tudo com muita dificuldade, é muito complicado”, lamenta.
“Hoje em dia, muitas jogadoras têm oportunidades. Quando o clube tem parceria com as universidades, de estudar levando o nome da faculdade e, assim, ganha a bolsa”. No entanto, ele já viu atletas que deixaram de jogar futebol pela necessidade de trabalhar e ajudar a família em casa.
“Muitas me falam que sentem falta e querem voltar, então essa dificuldade financeira é algo que faz muitas deixarem de jogar”, lamenta.
“As perspectivas são grandes. A modalidade está se desenvolvendo bastante. Está havendo muita procura e os clubes estão criando as categorias de base. Essa fomentação está fazendo com que o futebol feiminino tenha grandes perspectivas de desenvolvimento e também futuras, tendo em vista que já temos grandes equipes como o Corinthians, Ferroviária, Palmeiras e São Paulo. Tenho certeza de que daqui a dois ou quatro anos o futebol feminino brasileiro será uma potencia”, declara com entusiasmo o treinador.
A atleta Thalia Alves, 24 anos, jogadora do Legião, garante que ninguém da família tentou fazer com que ela desistisse. “Pelo contrário, meu pai, principalmente, sempre me apoiou e sempre esteve comigo para o que desse e viesse, ele inclusive já faltou ao trabalho para me levar no futebol. Então, realmente, posso dizer que ninguém nunca me impediu”, conta.
Na visão da jogadora, o esporte precisa de mais investimento, tanto no futebol feminino de Brasília, quanto em outros lugares. “A gente precisa de mais igualdade sobre esse aspecto do futebol. É necessário correr atrás e não esperar cair do céu a oportunidade de investir nos times femininos”, opina.
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(Reprodução/ Arquivo pessoal)
Breno Costa, preparador físico do sub-17 do Minas Brasília, explica que a principal motivação para começar a treinar foi fazer parte de um grupo misto de meninos e meninas de baixa renda e menores infratores. “Chegou uma menina a mim chamada Beatriz Barboza, ela começou a me motivar com o futebol feminino, eu disse para ela que só trabalharia com meninas se ela juntasse o time, e ela juntou vinte e duas meninas, aí eu montei o time, Reino, e comecei a treiná-las e fui gostando”, conta.
Durante a jornada de preparo, Beatriz Barboza permaneceu ao lado de Breno Costa, que pode levá-la para o time do Ceilândia, aonde conseguiu disputar três campeonatos Candangos e ser vice duas vezes.. “Saímos do Ceilândia, mas ficamos quatro anos trabalhando lá, fui contratado pelo Minas Brasília e levei ela junto comigo, jogando lá, ela disputou o Brasileiro série A2, sendo escolhida a melhor volante do campeonato Brasileiro em 2018”, o treinador relata sobre uma das principais motivações para continuar trabalhando no futebol feminino.
O Minas ganhou o campeonato Candango quatro vezes, e, no Campeonato Brasileiro série A2, ficou três anos na primeira divisão do Campeonato Brasileiro.
Mas o time também sofreu financeiramente. “Não foi cobrado o salário no meu primeiro ano. Eu e a Beatriz Barbosa e outros funcionários do clube só recebemos a passagem, e fazemos todas as funções de tudo no clube e assim conseguimos crescer financeiramente”, afirmou Breno Costa .
Por Erica Lorrana e Gabriel Romeiro