Em frente à Feira da Ceilândia, com varais improvisados, vendedores de toalhas estampam a polarização do Brasil.

Bolsonaro e Lula, lado a lado. Pelo menos em frente à feira da Ceilândia, suas imagens estão próximas. Na verdade, as toalhas dos dois principais candidatos à presidência da República, que rivalizam na preferência do eleitorado, mostram a tensão que começa a tomar conta das praças públicas da periferia do Distrito Federal.
Em frente à feira da cidade mais populosa do DF, no centro da Ceilândia, com barulhos de músicas altas, três vendedores ambulantes comercializam toalhas no valor de R$ 30 e com estampas variadas. Estendidas em varais improvisados, presos a árvores e postes de luz.
Nelson dos Santos, de 32 anos, é um dos comerciantes do local. Ele trabalha como camelô há 16 anos, sendo três deles vendendo toalhas. Ele conta que, por diversas vezes, presenciou discussões acaloradas entre clientes.
“Em um dia, um cliente veio discutir comigo, porque eu estava vendendo e tinha acabado as toalhas do Bolsonaro. Só tinha do Lula. O cara era Bolsonaro […] Disse que eu não podia fazer um negócio desses, com a do Lula exposta e do atual presidente não”.
O vendedor explica que ele vende em três pontos diferentes da capital. Um é a feira da Ceilândia, outro a Feira dos Goianos (em Taguatinga) e também no Plano Piloto. Ele disse à reportagem que nas regiões mais periféricas, os consumidores preferem a toalha com a imagem do ex-presidente Lula, enquanto na região central, o Plano Piloto, ele só vende do atual presidente, Jair Bolsonaro.
Ele entende que há diferença evidente no perfil do público que compra as toalhas dos pré-candidatos à presidência. “O pessoal que compra do Lula é mais simples, já o do Bolsonaro é um pessoal arrogante, essa é a palavra certa. Tanto é, que quando vê a toalha do Lula já começa a xingar”, lamenta.
Janai Ribeiro, 32 anos, é outra vendedora do local. Ela, junto de seu marido, vende toalhas há menos de um ano e conta que as estampas de políticos tem um empate em relação ao número de vendas. Há períodos em que a que venda é maior do Lula. Em outros momentos, do Bolsonaro. Ele compartilhou que é comum ocorrerem brigas por conta do posicionamento das toalhas lado a lado dos concorrentes à presidência, inclusive recebeu xingamentos.
“A posição das toalhas é para favorecer as vendas, pois não tem como o público reclamar que tem apenas de um dos lados, e até mesmo chamar atenção para os produtos”.
Outro vendedor no local não aceitou dar entrevista. “Quase não vendo toalha [sic]”.
Por Ellen Travassos e Malu Souza
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira