
O Distrito Federal vai ter um novo sistema de captação de água que vai abastecer mais de 1 milhão de moradores do DF e do Entorno. O Sistema Produtor de Água Corumbá, localizado no município de Luziânia (GO), será inaugurado nesta quarta-feira (6/4).
O sistema terá capacidade para tratar 2,8 mil litros de água por segundo e é fruto de uma parceria entre as agências reguladoras e de saneamento das duas unidades da federação (DF e GO). O projeto deve ajudar a suprir a crescente necessidade de abastecimento do entorno.
Às vésperas da inauguração, o Superintendente de Recursos Hídricos da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), Gustavo Carneiro, afastou qualquer possibilidade de uma nova crise hídrica no DF nos próximos anos. Mesmo sem a adição do novo sistema, Carneiro acredita que não haveria perigo de racionamento de água. “A gente faz um acompanhamento diário do volume dos reservatórios e esse acompanhamento nos permite antecipar qualquer possível situação mais crítica, mais delicada no futuro. Neste ano, estamos bastante tranquilos.”
Segundo ele, o DF deve entrar na seca de 2022 com os reservatórios plenamente cheios. Além disso, ele ressalta que, para o desabastecimento ocorrer, é necessário uma série de fatores. “Para que tenha uma crise, é preciso que haja vários anos seguidos de uma situação desfavorável nos reservatórios.”
Até o momento da finalização desta reportagem, os reservatórios de Santa Maria e do Descoberto, que abastecem exclusivamente o Distrito Federal, estavam respectivamente com 100% e 99,9% de volume útil.
Racionamento
A crise hídrica de 2016 a 2018, como é chamada pela Adasa, trouxe dias de sufoco para a população brasiliense. É o caso da dona de casa Ellen Verônica, que lembra a dificuldade em realizar tarefas básicas. “Era muito ruim não ter água para fazer as coisas. Às vezes faltava até pra tomar banho, lavar roupa. E isso porque a gente tinha caixa d’água.”
Desde então, o GDF tem investido em formas de impedir que uma crise aconteça novamente. A Adasa, em parceria com a Secretaria de Agricultura (Seagri-DF) e o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), por exemplo, tem realizado medidas para diminuir desperdícios na agricultura da região, como a melhoria dos canais de irrigação.
Também ocorreram obras de expansão, inclusive realizadas durante a crise, como a captação das águas do Ribeirão Bananal e do Lago Paranoá (que, atualmente, funciona com a capacidade de bombear 50 litros por segundo).
Para o engenheiro e especialista em recursos hídricos, Sérgio Koide, esses investimentos deixam o abastecimento de água no DF com uma certa folga, mas os investimentos não devem parar. “É fundamental que a Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal) desde já faça o planejamento dos novos sistemas a médio e longo prazo, pois a população do DF tem um dos maiores níveis de crescimento no país”.
O crescimento populacional é, inclusive, um dos principais motivos pelo qual a crise hídrica aconteceu, de acordo com a Adasa. Contudo, o presidente do órgão regulador entre os anos de 2015 e 2020, Paulo Salles, afirma que a população do Distrito Federal também está mais preparada para esse tipo de problema. “Naquela época, muita gente aqui do DF não tinha nem caixa d’água. Na hora que o abastecimento era cortado, essas pessoas já não tinham mais o que beber. Hoje isso já é um pouco diferente.”
Mesmo assim, ele afirma que a população tem que se manter atenta em relação ao consumo e desperdício de água. “O povo brasileiro ainda tem essa cultura de achar que, porque o Brasil tem cerca de 12% de toda a água doce do mundo, a gente não precisa se preocupar com água. Não é bem assim. As mudanças climáticas estão aí, as crises que tem acontecido nos últimos anos provam isso.”
Por André Viana
Supervisão de Isa Stacciarini


