Antes mesmo do sol nascer, o BRT de Santa Maria já está lotado. Muitas delas buscam espaços pelos corredores para não perder o horário. A gritaria e o empurra-empurra têm feito parte da vida dos trabalhadores de Santa Maria, que dia após dia tem visto no transporte um espaço de estresse e discussão. Dentro do ônibus, a aglomeração predomina. É um ambiente fechado e sem ventilação que traz a preocupação para os usuários do transporte público. Há uma estimativa de 95 mil usuários por dia.
O serviço de Transporte Rápido (BRT) foi implantado no Distrito Federal em 2014. O número de acessos por dia é de 95 mil pessoas. o serviço conta com 10 estações e 151 ônibus.Tem como principal objetivo diminuir o trânsito e a quantidade de tempo de uma Região Administrativa a outra.
Maria Severina, de 62 anos, moradora de Santa Maria, usa diariamente o transporte e relata a sua indignação com as pessoas que não usam a máscara dentro do BRT. “Eu perdi uma amiga muito especial e provavelmente ela pegou dentro do ônibus”, desabafa.
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“Provavelmente essa pessoa não perdeu família, se tivesse perdido com certeza estaria se protegendo”, disse.
Por outro lado, o técnico em redes Renan Moreira, 25, também morador de Santa Maria, pensa que é um risco, mas não se deve obrigar ninguém a usá-las. De acordo com o mesmo, o governo não pensa na população de baixa renda,visto que os que têm mais condições estão se protegendo. A passageira Fernanda Gomes,22, que é auxiliar financeira, diz que no início da pandemia diminuíram a quantidade de ônibus,e que isso não faz sentido, uma vez que estava havendo a liberação de festas e eventos.
O técnico em redes, Lucas Geovane, 32,diz que a aglomeração dentro dos ônibus traz vários riscos, principalmente por estar em um ambiente fechado e sem ventilação. “Eu fico preocupado, comigo e com o meu próximo,pois o momento em que estamos ainda não dá para relaxar”,relata. Entretanto, ele diz que não deve-se obrigar ninguém a fazer nada.
O motorista do BRT na linha 2206,Mailson Carlos de Lima,49, assegura que, ao ver alguém entrando no ônibus sem máscara, logo pensa que a pessoa não tem respeito ao próximo. Ele diz que uma solução para a superlotação seria diminuir a quantidade de pessoas em cada ônibus e conscientizá-los sobre o uso de máscaras.
Questionados acerca desse problema a Secretaria de Mobilidade afirmou que o GDF determinou medidas de higienização nos ônibus e a disponibilidade de álcool em gel próximo às catracas. Também foi estabelecida a obrigatoriedade do uso de máscaras para colaboradores e passageiros e, há projetos em andamento para a ampliação do sistema de linhas do BRT.
No final da viagem, os passageiros que, anteriormente, se encontravam revoltados por conta da situação, se sentem aliviados por finalmente chegar ao destino final. O barulho e o nervosismo já não diminuem. Já o motorista lembra que ainda tem muitas viagens pela frente, respira fundo e segue seu caminho, pois sabe que precisa do emprego para sustentar a sua família.
Por Maria Luiza Castro e Nathália Maciel
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira
