Depois de não conseguir classificar para a fase final da Liga Nacional, com um decepcionante 15° lugar, o Cerrado Basquete busca aprender com os erros para alcançar melhores resultados na temporada que vem. Alguns dos destaques da equipe, o ala Daniel von Haydin e o armador Kenny Dawkins esperam que para a próxima temporada haja algumas mudanças na forma de jogar do time para que se almeje mais uma vez a classificação aos playoffs e quem sabe até o topo da tabela.
Leia mais sobre basquete
Após jogar pelo Corinthians na temporada 20/21, o ala-armador Daniel von Haydin relembra sua passagem pela equipe paulista com carinho e acredita que a experiência auxiliou seu início no Cerrado Basquete. De acordo com o atleta, no clube de São Paulo havia uma estrutura muito boa de treinamento e técnicos que cooperaram muito para a evolução individual do ala de apenas 22 anos. Agora em um projeto novo em Brasília, com apenas duas edições do NBB disputadas, Daniel busca trazer para a equipe o que ele aprendeu na capital paulista para que possam chegar à pós-temporada do torneio pela primeira vez.
![](https://agenciadenoticias.uniceub.br/wp-content/uploads/2022/05/unnamed-4-1.jpg)
Natural do estado do Mississipi, nos Estados Unidos, Kenny Dawkins atuou pela universidade de Lamar e pelo Rio Grande Valley Vipers, equipe da NBA D-League, antes de chegar ao Brasil em 2011. Com mais de uma década no país, Kenny hoje é fluente em Portugues e considera esse obstáculo um dos mais difíceis de sua adaptação ao novo ambiente. Sobre as dificuldades em sua chegada, o gringo declara:
‘’Quando cheguei ao Brasil, em 2011, foi muito difícil pra mim porque eu não falava nada de português, tinha dificuldade para falar com o técnico, o pessoal do meu time. Desde minha chegada busquei aprender a língua pois é realmente bastante complicado e isso pode ser um impasse aos jogadores que são de fora. Hoje, depois de 12 anos, consigo falar bem o português e me comunicar normalmente com o time, tenho muito orgulho disso e a cada dia busco melhorar‘’
‘’O lado bom de ser baixinho é que somos mais rápidos, o marcador que for mais alto não vai querer se abaixar o tempo todo para tirar a bola de você e para minha posição, isso acaba sendo um ponto positivo. Há pontos negativos, sofro dificuldades quando vou marcar alguém de maior estatura, em ataques eu dificilmente chego para dar toco, mas com o tempo aprendi a acertar com meus erros, então, fiz dessa condição um estímulo para treinar e melhorar cada dia mais.’’
![Foto por: Pedro José Santana](https://agenciadenoticias.uniceub.br/wp-content/uploads/2022/05/unnamed-5-1-300x178.jpg)
Um ponto marcante na temporada da equipe foi a chegada do norte-americano Quentin Hillsman, conhecido por treinar a equipe feminina da universidade de Syracuse por 15 anos, para a comissão técnica brasiliense. Von Haydin considera essa mudança de ambiente uma virada de chave importante para a equipe no final da temporada. O jovem ala considera que Hillsman veio para somar, dando boas dicas nesse final de temporada e auxiliando o técnico Bruno Lopes para encontrar mais equilíbrio no time. Dawkins também considera a chegada algo muito importante para o time ao longo do campeonato por agregar uma visão de um profissional americano. Coach Q, como é conhecido, ainda ajudou atleta por atleta apesar da dificuldade com a língua portuguesa. A bagagem internacional dele foi essencial para o Cerrado nessa reta final de temporada.
Com as duas equipes da cidade terminando na parte da tabela, o basquete brasiliense não tem um time classificado aos playoffs desde a temporada de 2018/2019. Apesar da melhora na reta final, Cerrado e Brasília terminaram em 15° e 17°, respectivamente. O Cerrado, que começou a disputar o NBB (Novo Basquete Brasil) apenas em 2020, é um dos projetos mais recentes da Liga e ainda vai adquirindo experiência. Sobre a temporada de 2021/2022, Daniel diz que o grupo, que ele descreve como sensacional, esperava mais e atribui a colocação ruim na tabela a dificuldades com finalizações de jogos. A equipe perdeu por apenas um ponto para o Franca, líder do campeonato, e venceu os dois jogos contra o São Paulo, atual campeão da Liga dos Campeões das Américas, mas também perdeu jogos contra times que estavam atrás na tabela. Dawkins usa de sua experiência em outras equipes para analisar a situação:
‘’Usando o Vitória como exemplo, nessas equipes que transitei, nós sabíamos fechar os jogos e isso é uma coisa que está faltando aqui no Cerrado. Se nós montarmos uma estratégia na próxima temporada para finalizar partidas, pode ter certeza que teremos resultados melhores.‘’
Outro fator diferencial durante o campeonato foi a presença do público, que não esteve presente no Ginásio da ASCEB na temporada passada por conta da pandemia. Por medidas de segurança, durante a pandemia do Corona Vírus, as arquibancadas dos ginásios ficaram vazias, não sendo permitida a entrada de público nem mesmo respeitando o distanciamento social. Após avanço das vacinas e com o número menor de infecções pelo vírus, o público aos poucos voltou a preencher e assistir de forma presencial suas equipes nos ginásios.
‘’A diferença é muito grande, a energia durante a partida é outra. A gente joga com uma motivação diferente e o torcedor acaba virando ali um jogador a mais na equipe. Sem a torcida, nós entramos com o mesmo foco, ouvindo e seguindo mais as instruções dos companheiros e técnico, mas quando nós jogamos com a torcida gritando, se emocionando com uma cesta, provocando, xingando e apoiando durante a partida, o jogo vira outro e é de fato um gás a mais para nós, isso é uma parada que todo jogador vai concordar.’’
Uma equipe jovem com sede de subir na tabela nas próximas temporadas, o ambiente no vestiário é de otimismo para o futuro. Daniel acredita vivenciar um projeto sensacional em Brasília prestes a evoluir, se tornando de vez um time competitivo. Da temporada passada para essa já se pode notar diferenças e resultados positivos no Cerrado. Apesar do elenco não ter alcançado sua missão principal de se classificar aos playoffs, Von Haydin e Dawkins preveem mudanças na forma de jogar para almejar sua primeira classificação ao mata-mata na ainda curta história da equipe no maior nível do basquete nacional.
Por Henrique Sucena
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira